ROXO (Lorvão – Penacova): Aldeia comemora o centenário da “Revolta do Azeite”

No próximo sábado, dia 25, a partir das 15H30, a aldeia de Roxo (Lorvão) assinala o centenário da Revolta do Azeite, um caso com mais de 100 anos em que três habitantes morreram às mãos da GNR e que deu “má fama” àquele lugar.

Tudo aconteceu a 25 de março de 1921, quando Alexandrina, uma jovem mulher da terra, saía do Roxo para ir vender azeite a Coimbra e é mandada parar pela GNR, que decide apreender-lhe o cântaro.
“Foi pedir ajuda ao namorado e os militares da GNR, que estavam perto
do cântaro de azeite, dão ordem de prisão.

O namorado incita à revolta, o sino toca a rebate, a população junta-se no
largo e os militares são corridos do Roxo”, refere Eduardo Ferreira, da organização das comemorações.

Segundo a imprensa local da época, dois militares da GNR de Vila Nova de Poiares, concelho vizinho, entram por outra via de acesso ao Roxo e, “sem meias medidas”, “dispararam sobre a população”, conta Eduardo Ferreira, bisneto de uma das vítimas mortais.
Nesse dia, uma Sexta-Feira Santa, morrem no Roxo José Luís da Fonte e Alípio Rodrigues Russo, tendo António Miguel morrido dias mais tarde,
depois de ser internado no hospital, onde lhe amputaram um braço.
No sábado, a GNR aparece em força no Roxo, com 40 militares de infantaria
e 60 de cavalaria “e varre a população toda. Entre 35 e 55 pessoas são levadas sob escolta para Coimbra onde são interrogadas, sendo depois libertadas”.

O episódio, que aconteceu a 25 de Março de 1921, deixou até hoje uma ideia de que as gentes do Roxo são “de má raça”, mas a população decidiu juntar-se e assinalar o dia, reescrevendo a história, deixando para trás o preconceito e olhando com orgulho para um momento de “solidariedade e de coragem”.

“Queremos apagar a imagem de gente ruim por causa de um ato espontâneo que foi de coragem. Queremos que as pessoas sintam orgulho deste lugar”, vincou Eduardo Ferreira, ao Diário AS BEIRAS.