SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE GÓIS: “Estamos muito preocupados com o dia-a-dia desta instituição”

Na última assembleia geral da Irmandade da Santa Casa da Misericórdia de Góis, realizada nas instalações da Capela da Misericórdia, no Largo do Pombal, o provedor José Serra, não deixou de manifestar a sua preocupação, “estamos muito preocupados com o dia-a-dia desta instituição, (…) pela primeira vez apresentarmos um orçamento sem se saber bem o que aí vem” e pelo facto de “tudo ter aumentado, os gastos como pessoal, com os alimentos, com os combustíveis e o que se recebe não dá para aquilo que se gasta”.

“Nada tem ajudado esta Santa Casa”, considerou o provedor, “ontem foi a troika, depois o Covid, agora é a guerra na Ucrânia que indirectamente afecta o país e as instituições”, dando ainda a conhecer que, mas valências da instituição, “desde 2001 nenhum utente foi aumentado ao nível da sua participação”, deixando por isso o lamento, “não sei se tenho força para continuar”.

Mas “a gestão criteriosa, pondera e responsável” da instituição não deixou de se reconhecida e exaltada pela assembleia que, de entre outros, não deixou de ser unânime na aprovação de um voto de louvor à mesa administrativa, pelos resultados apresentados nas contas que, conforme o parecer do conselho fiscal, “estão perfeitamente bem”, com bem estava mesmo “apesar de não ser bem aquele que gostaríamos”, o plano de actividades e orçamento previsional para 2023, no qual se salienta que “a Santa Casa da Misericórdia de Góis tem vindo a manter activas as suas potencialidades enquanto Instituição Particular de Solidariedade Social, visando sempre a melhoria e o aperfeiçoamento de todos o seus serviços/respostas” e, “para tal, o caminho a seguir será o de apostar, fortemente, na prossecução dos serviços aos utentes da instituição, enfrentando diariamente as dificuldades que se têm vindo a sentir”.
Dificuldades que não deixam de ser agravadas também pelos “escassos apoios financeiros, tanto do Governo como das autarquias locais, que se verificaram anteriormente, em forma de subsídios” e que, como é referido no plano e reconhecido pelo provedor, “tem sido francamente devastador em termos económicos para esta instituição” e, por isso, jamais pode ser esquecido que “as Misericórdias tem-se assumido com um dos seus principais parceiros do Estado na consolidação da sua intervenção social”, desempenhando “um papel de crucial importância no apoio directo aos problemas sociais que afligem a nossa sociedade”.

Nesta e com esta preocupação e mesmo apesar dos constrangimentos, no ano de 2022 a Santa Casa da Misericórdia de Góis não deixou de concretizar “vários projectos essenciais à promoção do bem-estar financeiro”, com a “finalização do processo da venda do Hospital Monteiro Bastos, a finalização do empréstimo bancário”, de entre outros, e que, como salienta o provedor na sua mensagem aos irmãos, “permite, de momento, uma almofada financeira à tesouraria” da Santa Casa.

Mas como considera a directora técnica, Ana Rodrigues, “efectivamente, a concretização do nosso trabalho será facilitada se conseguirmos ser determinados, trabalhando em parceria e com espírito de entreajuda”, sendo esses também os propósitos que estão bem expressos nos documentos aprovados, por unanimidade, que ficaram bem expressos pela mesa administrativa que, mesmo “perante o momento delicado que ainda estamos a viver” quer continuar a apostar e a reforçar “as boas práticas que têm vindo a ser desenvolvidas e que se deverão manter e aprimorar para que, inequivocamente, esta continue a ser uma instituição de referência”.

Por esse facto e “apesar de ter elegido como prioridade a resolução de questões relacionadas com as respostas sociais de ERPI de Vila Nova do Ceira, Serviço de Apoio Domiciliário e Centro de Dia, esta Santa Casa procura não descurar outros projectos e até alargar aquele que tem sido o seu âmbito de actuação, tendo sempre como alvo a garantia de respostas para melhorar a qualidade de vida dos seus utentes, uma vez que o bem-estar das pessoas está e estará sempre em primeiro lugar”.

E além da preocupação da mesa administrativa no que se refere à conservação dos seus imóveis, José Serra não deixou de dar também a conhecer outros projectos e acções a desenvolver pela Misericórdia, salientando que “a concretização deste plano passa, em grande parte, pelo esforço e pela vontade de todos os que trabalham nesta instituição”, para quem deixou palavras de congratulação e apreço, tendo ainda e a terminar os trabalhos, sido felicitada a instituição pelo aniversário do seu Lar de Idosos, a directora técnica pelos seus 25 anos de serviço e de trabalho dedicado e, apesar das dificuldades, foram deixadas palavras de esperança, “vamos ter esperança, vamos entrar numa época de esperança”, com votos que essa esperança se estenda ao longo de todo o Ano de 2023.