SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE TÁBUA ASSINALOU 90 ANOS: “Jovem Misericórdia, determinada e dinâmica”

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Um grupo de “homens bons” fundou a 18 de Abril de 1933, a Santa Casa da Misericórdia de Tábua, e estes 90 anos de história foram celebrados na última quarta-feira, dia 20 de Abril, com uma visita a todas as valências da instituição.

Começando por dar a conhecer a história da Misericórdia, Sandra Mêna explicou que o grande objectivo desde a sua fundação foi a construção de um hospital na vila, sonho que viria a ser concretizado em 1955, com o apoio de muitos tabuenses.

As comemorações tiveram início no dia anterior – um primeiro momento celebrado internamente com os utentes e colaboradores -, e (…) «hoje é dia para mostrarmos o que somos». «Temos que fazer mas também temos que mostrar o que fazemos», acrescentou.

«Vão ver fragilidades, mas também uma casa habitada», disse, destacando a importância de trabalhar em comunidade (…) «precisamos uns dos outros, mas temos que prestar auxilio e cuidar dos mais frágeis», lembrando o trabalho relevante da Congregação das Irmãs de S. José de Cluny (maioritariamente eram enfermeiras) e o papel que estas tiveram não só no Hospital como no apoio ao Lar.

Ainda com a pandemia presente, a Provedora agradeceu a todos aqueles que se disponibilizaram em período de confinamento. «Tivemos sempre a capacidade de nos ajudarmos e ultrapassamos todos estes dias- conseguimos manter o nosso cuidado com os nossos utentes».

Ao destacar o papel de todos os colaboradores da Santa Casa da Misericórdia de Tábua, Sandra Mêna deixou claro que (…) «se não forem os nossos colaboradores, nós, Provedores, nada fazemos», admitiu.
«São as mãos que cuidam que fazem a instituição», disse, considerando o corpo técnico e os colaboradores como (…) «testemunho vivo do bem cuidar», concluiu.

Depois da visita às valências – Lar de S. José, Creche e Jardim-de-Infância, Centro de Acolhimento Temporário, Unidade de Cuidados Continuados – decorreu a cerimónia formal do aniversário, com o Vigário Geral da Diocese de Coimbra, padre Manuel Ferrão, a considerar que as Santas Casas da Misericórdia (…) «são a expressão do amor e da solidariedade ao próximo. A todos os que vivem este tempo, esta solidariedade e esta responsabilidade deixo uma palavra de gratidão».

Considerando que a Misericórdia (…) «é um parceiro fundamental» para a acção social do concelho, o vice-presidente da Câmara (e vereador da Acção Social) deu como exemplo a disponibilidade da “Extensão do Lar” para o acolhimento de refugiados ucranianos.

Na ocasião António Oliveira lamentou que, apesar de todas as valências que a Santa Casa tem ao dispor (…) «ainda não conseguimos a área da Saúde Mental».

O autarca lembrou que recentemente confiou na Misericórdia a delegação de competências no sector social. «Obrigada à Santa Casa da Misericórdia de Tábua por todo este importante trabalho», dando a saber do reconhecimento público deste sector, já no próximo mês (Maio), no âmbito da iniciativa “Tábua Mais Social”.

Do lado das Misericórdias Portuguesas, o presidente do Secretariado Regional de Coimbra, António Sérgio Martins, destacou dois Provedores – José Rodrigues Coelho, a que se deve a construção do Lar de S. José e a Creche; e Joaquim Ferreira Marques, pela reabilitação do Hospital, actual Unidade de Cuidados Continuados – mas também Fernando Oliveira, dedicado director geral, actualmente o mais antigo colaborador, e que trabalhou com 7 dos 9 Provedores da Santa Casa. «Muito do que é a Misericórdia de Tábua deve-se à sua pessoa», elogiou.

António Sérgio sublinhou o carácter “excepcional” e “imprescindível” da instituição e dos seus responsáveis (…) «que em poucos anos conseguiu trabalhar para chegar até aqui», considerando que a actual Mesa Administrativa também tem estado à altura dos desafios, notando que durante a pandemia de Covid-19, apesar de (…) «ficarmos todos em sobressalto, nunca Tábua passou lá para fora pelas piores razões».

A encerrar a sessão solene comemorativa, o presidente da União das Misericórdias Portuguesas, Manuel de Lemos, felicitou a Misericórdia de Tábua pelos 90 anos de vida e estar a cumprir a vocação (…) «do amor ao próximo», sublinhando que (…) «o que importante é a nossa capacidade de resiliência, de ajudar as pessoas, de criar riqueza e de gerar emprego», o que faz delas (…) «os maiores agentes de desenvolvimento local, a par com os Municípios».

Sublinhando que nos últimos 40 anos, das 390 Misericórdias do país (…) «não fechou nenhuma Misericórdia, pelo contrário, abriram instituições», Manuel Lemos constatou que, pelo percurso feito até aqui, e apesar de ser uma das Misericórdias mais “jovens” do país, acredita que o caminho vai continuar a ser de (…) «afirmação e integração na comunidade», ajudando o Município (…) «a superar as dificuldades que sempre existem».

Um jantar comemorativo onde, para além dos convidados, estiveram presentes os responsáveis de todas as valências e departamentos, encerrou o dia de festa dos 90 anos da Santa Casa da Misericórdia de Tábua.

Misericórdias contestam liderança de Manuel de Lemos

À margem das comemorações dos 90 anos da Misericórdia de Tábua, dias após a última assembleia geral da União das Misericórdias Portuguesas (UMP) – que teve lugar em Fátima a 15 de Abril – o presidente do Secretariado Regional de Coimbra da UMP, contestou publicamente a actual gestão da União, apontando o dedo ao presidente Manuel Lemos, que está há duas décadas à frente da UMP.

Em declarações à comunicação social, o Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Pampilhosa da Serra afirma que (…) «chegou a hora de dizer basta», já que a União (…) «está por um fio», sustenta, referindo-se à crescente contestação à gestão de Manuel Lemos.

«Tendo em conta o estado em que se encontram grande parte das Misericórdias e perante a passividade que se tem assistido (…) é preciso mudar, é preciso uma alternativa», conclui António Sérgio Martins – que é também o líder do Movimento “Somos Todos Misericórdia”.

Resumindo que “é tempo de mudar”, António Sérgio Martins quer que seja tomada uma (…) «posição mais forte e mais determinada» por parte do Secretariado Nacional, apontando-lhe (…) «falta de coerência, de visão e de coragem» para defender os interesses do sector social, “acusando” a gestão da União das Misericórdias Portuguesas de (…) «proximidade excessiva» ao poder político (…) «que se tem vindo a sentir» e que, considera (…) «põe em causa a independência e a capacidade negocial» da União das Misericórdias com o Estado.

António Sérgio Martins sustenta que (…) «por imperativo de consciência, não podíamos ficar de braços cruzados», e denuncia que (…) «cada vez mais as Misericórdias não se reveem na forma como a UMP está a gerir o sector». «Mais do que criticar, queremos propor soluções» e, desta forma (…) «contribuir para salvaguardar o sector social», sublinhando a (…) «solidariedade e manifestações de interesse que o Movimento tem recebido» de instituições de todo o país.

Confrontado, Manuel Lemos desvalorizou aquelas declarações (…) «o que me importa é dizer que foi uma assembleia geral para a provação de contas, e das 145 Misericórdias presentes apenas 5 votaram contra. Este é que é o facto».

Em declarações à A COMARCA, o presidente da União das Misericórdias Portuguesas constatou que (…) «é natural que nestes tempos, que são difíceis, haja sempre algumas reacções mais excitadas… é sempre. Em todas as assembleias gerais damos por elas, portanto, não vale a pena comentar.

O que vale a pena é as Misericórdias prosseguirem o seu caminho, da formação, na sociedade… perguntei aqui à Misericórdia de Tábua e felizmente tiveram resultados positivos… o ano passado ou há dois anos tiveram uma situação mais complicada e inverteram-na, e isso significa que só é possível por causa do trabalho da Misericórdia, mas também do apoio que lhe dá o Secretariado Nacional. Portanto não comento isso.

Questionado se se acha desgastado, Manuel Lemos afirma que (…) «uma das coisas que faz a nossa reputação, é a circunstancia de as pessoas acharem que eu tenho bom-senso. Se não tivesse e se sentisse as forças a faltar – e no dia em que sentir isso – nesse dia vou embora. Até lá não vale a pena perder tempo com isso».

Em relação ao Movimento “Somos todos Misericórdia”, o dirigente explica que (…) «nós somos 11 membros no Secretariado Nacional da União, destes, 9 são Provedores… dos outros trinta e tal membros, só não é Provedor o presidente da assembleia geral e o vice-presidente do conselho nacional… portanto, insere-se naquilo que disse: com calma, com serenidade, com a força da razão e com a razão da força, estou completamente tranquilo», concluiu.

(com vídeo na página do Facebook de A COMARCA DE ARGANIL)