
No passado dia 23 de Junho, a Santa Casa da Misericórdia de Semide comemorou o seu 193.º aniversário, apesar “de ser muito mais antiga, do tempo do Rei D. Manuel I, (…) conforme as Memórias Paroquiais de 1758”, como disse o presidente da assembleia geral, António Marques, que deixou a promessa de trazer esse documento para a instituição.
E no cumprimento do seu Compromisso, a Misericórdia iniciou a comemoração dos 193 anos com a participação na missa, no Mosteiro de Santa Maria, celebrada pelo pároco, padre Quirino Sapalo, que depois de dar das boas-vindas aos convidados (presidente do Secretariado Regional de Coimbra da União das Misericórdias Portuguesas, António Sérgio Martins, provedores, mesários de outras Misericórdias e mais convidados), recordou os que já partiram e serviram a instituição, referiu que “fazer o aniversário é olhar para o passado” e, citando o Evangelho do dia “que nos fala de tempestades e ventos”, referiu que também “a nossa Misericórdia passa por isso, (…) e ainda que venham ventos e vendavais, é preciso cultivar a amizade, repensar a nossa história, de onde viemos e para onde vamos”, porque “a Misericórdia estende-se a todos”.
“Demos graças a Deus por mais um aniversário”, disse ainda o pároco, terminando por agradecer “à Santa Casa da Misericórdia pelo trabalho que faz todos os dias em favor da comunidade e da Igreja”.
No final do cumprimento da obrigação religiosa, foi o almoço de convívio na sede da instituição, onde além dos convidados, também participaram alguns funcionários todos saudados com muita amizade pelo provedor Armando Ferreira, que deixou ainda um particular “obrigado” aos que se empenharam e colaboraram na organização da festa que, embora simples, não deixava de ser carregada de significado pela importante (e já longa) data que se estava a comemorar, 193 anos.
193 anos ao serviço dos que mais precisam e da comunidade e “hoje estamos aqui reunidos porque fazemos 193 anos. E digo fazemos porque todos nos sentimos imbuídos deste mesmo espírito, que é quando um dos nossos confraterniza é extensivo a todas as Misericórdias do distrito”, começou por dizer o presidente do Secretariado Regional de Coimbra, para depois e recordando as palavras do pároco, “é importante não só olhar para traz, por aquilo que fizemos e, no caso concreto, foram 193 anos de muitas coisas boas, mais desafiantes com certeza, mas aquilo que fica é uma história que fala por si, desde as marcas vivas, as materiais, mas muito mais importante os valores que nos tem sido transmitidos ao longo de todos estes anos”.
“A vossa forma de ser e de estar, aquilo que somos hoje contagia-nos a todos nós, a alegria, mas sobretudo a solidariedade e a capacidade de entrega à causa é que faz da Misericórdia de Semide ser o que é. E não é pelo tamanho, nem pelo volume de negócios, há coisas que se transmitem nesta Santa Casa que não se conseguem medir em temos de números, mas que se medem depois de uma forma que a todo nós nos contagia”, salientou ainda António Sérgio Martins, “e por isso sendo certo que o futuro é de uma incerteza brutal nos tempos de hoje e, como ouvimos, os ventos e as tormentas tem sido muito fortes, mas temos tido a capacidade de adaptar as velas ao vento, mas não sabemos até quando o conseguimos fazer. E não tenho dívidas nenhumas se hoje aqui estamos, é porque os vossos órgãos sociais, na pessoa do provedor, têm tido esta entrega e que marcam pela positiva aquilo que de melhor se faz no concelho, no distrito e não tenho dúvida nenhuma no país”.
O presidente do Secretariado Regional de Coimbra da União das Misericórdias não deixou de salientar que “esta magnífica comunidade de Semide está também de parabéns e acreditamos que, no futuro, vamos conseguir ultrapassar as ditas tormentas, adaptando as velas ao vento com certeza, porque não tenhamos dúvidas os desafios são muitos, mas aqueles que estão no fim da linha e que vocês diariamente acompanham, podem estar perfeitamente descansados que a marca Misericórdia vai lá continuar muito presente. Força e mais 193 anos pelo menos”.
O presidente da União de Freguesias de Semide e Rio de Vide, Luís Martins, começou por recordar “o período conturbado da história da vida nacional (há 193 anos) e também da vila de Semide” e “a vida da Misericórdia nunca foi fácil, (…) mas não foi por isso que deixou de evoluir”, agradecendo por isso o trabalho de todos que a serviram e continuam a servir, reconhecendo que “com parcos recursos a instituição tem feito o trabalho que está à vista de todos”, deixando a certeza que dentro das possibilidades “da parte da União de Freguesias estaremos sempre disponíveis para aquilo que for necessário, para apoiar a Santa Casa da Misericórdia”.
O provedor Armando Ferreira começou por destacar e agradecer às funcionárias presentes e que vieram colaborar, também a membros da mesa administrativa “sempre disponíveis, dão um bocadito do seu tempo e vão buscar aquilo que nos ajuda, (…) agradeço, é um gosto estar aqui” e, apesar de ser um sacrifício para a família, como recordou, “vocês não sabem o gosto que eu tenho em ajudar e contribuir e mesmo apesar de haver tempestades, discutimos às vezes, mas é isso que nos faz chegar aqui, com a cabeça erguida, com as contas em dia, com a perspectiva de fazer alguns melhoramentos. E é isto que nos dá alento e a esperança que dias melhores virão”.
No final das suas palavras, o provedor chamou a funcionária Teresa Santos, que depois de mais de vinte anos ao serviço da instituição passou à situação de reforma, para lhe entregar uma lembrança “de um valor insignificante, mas é com todo o gosto” e agradecer o seu trabalho e a dedicação à Misericórdia.
“Foi um prazer fazer parte desta casa”, disse Teresa Santos, tendo a tesoureira Lucília Rodrigues aproveitado o momento para agradecer também às educadoras e às técnicas “que nos estão a apoiar neste momento”, recordou que com a Zézita confecionou o almoço ali servido, que está sempre disponível e pronta a colaborar com o provedor e, tudo isto (e muito mais), “faço-o por amor a esta casa”.