No passado dia 18 de Agosto, realizou-se a VIII Peregrinação das Misericórdias ao Divino Senhor da Serra.
Organizada pela Santa Casa da Misericórdia de Semide, a Peregrinação além da presença da vice-presidente da Câmara Municipal de Miranda do Corvo, Marilene Rodrigues, do presidente da União de Freguesias de Semide e Rio de Vide, Luís Martins, e do pároco, cónego Pedro Miranda, contou ainda com as participações do representante da direcção nacional da União das Misericórdias Portuguesas (e provedor da Misericórdia de Vagos), Paulo Gravato, do presidente do Secretariado Regional de Coimbra (e provedor da Misericórdia de Pampilhosa da Serra), António Sérgio Martins, e com representações das Santas Casas da Misericórdia de Arganil, Góis, Lousã, Tentúgal e Buarcos.
A Peregrinação culimou com o desfile das Misericórdias participantes para a bonita igreja do Divino Senhor da Serra, onde foi concelebrada missa pelo padre Orlando Henriques, e presida pelo pároco cónego Pedro Miranda, que na homilia não deixou de referir que ”já se pode chamar uma tradição” esta Peregrinação das Misericórdias, dando as boas-vindas a todos os seus representantes e fazendo votos “que esta Peregrinação possa ter frutos no vosso serviço em favor dos que mais precisam”, sem deixar de destacar ainda a necessidade “dos filhos cuidem dos pais na velhice” e de considerar que “é bom que tenhamos consciência desta relevância social que têm, sobretudo, as nossas Misericórdias”.
Uma relevância que, no final da Eucaristia e durante o almoço com todos os representantes das Misericórdias e convidados servido no refeitório da Escola Básica Professor Ferrer Correia, não deixou de ser destacada também e em primeiro lugar, pelo provedor da Santa Casa da Misericórdia de Semide, Armando Ferreira, referindo depois que “esta Peregrinação é o reforçar da nossa fé,” ao mesmo tempo que “divulga e reafirma o património imaterial e gastronómico do concelho de Miranda do Corvo e tem como propósito a demonstração de união e afecto, de partilha e de convívio entre as Misericórdias. São momentos em que podemos partilhar ideias, preocupações, angústias, mas também a felicidade e o dia-a-dia de cada Misericórdia, a partilha de conhecimentos e da experiência de cada uma”, terminado por considerar que “por mais difíceis que sejam os tempos que a maior parte das Misericórdias estão a passar, é bom e sabe bem estarmos juntos”.
“Que gosto é temos aqui também hoje nesta manifestação e afirmação daquilo que é o movimento único e distintivo que são as Misericórdias portuguesas, (…) alguém da direcção nacional no nosso distrito, para connosco conviver e perceber a realidade e depois fazer chegar a quem de direito aquelas que são as nossas naturais preocupações e angústias”, disse o presidente do Secretariado Regional de Coimbra da União das Misericórdias Portuguesas, para referir depois e dirigindo-se particularmente aos autarcas presentes, que “nos últimos tempos tanto se fala na descentralização de competências, mas acho que o melhor modelo de cooperação entre o sector social e o sector político, nada melhor é do que no terreno fazermos, parcerias efectivas que consigam chegar aqueles que estão no fim da linha, que são aqueles que estão sob a nossa protecção, porque são esses que efectivamente mais precisam, mais precisam de nós. E não nos devemos escudar em protocolos, nisto ou naquilo, mas sim quem conhece o terreno, que são as instituições e é que devem ser os verdadeiros obreiros para conjuntamente com todo e nos nossos territórios, a acção social seja de facto única e distintiva”.
“E é nas alturas mais desafiantes que estas instituições são mais chamadas a dar o melhor de si a favor dos outros”, disse António Sérgio Martins, sem contudo deixar de referir também “que no momento actual as dificuldades são efectivamente muitas, os desafios são enormíssimos, mas como disse o nosso Papa Francisco, não podemos ter medo, temos de ir atrás daquilo em que acreditamos e temos que nos mobilizar todos, sem excepção, para que efectivamante e em conjunto consigamos não só hoje nesta Peregrinação, mas no dia-a-dia continuar a afirmar este belíssimo nome que as Misericórdias têm há mais de 500 anos”, terminando por deixar palavras de particular apreço para com a Misericórdia de Semide, “é um orgulho pela forma como estão na vossa comunidade, um exemplo de dedicação e de entrega. (…) Não percam as forças a esperança, não tenham medo para continuar a levar por dante aquilo em que acreditamos”.
O representante da União das Misericórdias Portugueses depois de justificar a ausência do presidente, Manuel Lemos, manifestou a sua satisfação por estar presente (pela primeira vez) na Peregrinação, “acho que tem de ser esta partilha entre todos, porque só partilhando e ouvindo, cada um com as suas dificuldades (porque todos temos dificuldades, como os custos da energia, causadas pela pandemia e pela guerra) é que poderemos conseguir mais alguma coisa. (…) Neste momento estamos a reivindicar, estamos a fechar um pacto mas falta muito, pedimos sempre muito, mas já sabemos como é que é o Estado”.
Por isso e segundo considerou Paulo Gravato, “neste momento as autarquias tem um papel importante e se quiserem ajudar as instituições podem ajudar, aliás há uma situação mais recente que passa pelo pré-primário em que as instituições, principalmente as Misericórdias, fazem um trabalho magnífico, levam os meninos à escola, trazem os meninos da escola, dão-lhes uma alimentação espectacular. Mas as Misericórdias estão no limiar do prejuízo com as pré-primárias e por isso, em vez de fecharem, as autarquias que tem a responsabilidade da Educação podiam dar–nos a diferença do prejuízo, pelo menos com todo o pessoal menor, porque se calhar fica mais barato dar-nos qualquer coisa para nos compensar o prejuízo do que assumirem a responsabilidade toda. Até porque nós temos de pensar que as famílias preferem ver as crianças nas Misericórdias do que no público. (…) Temos que pensar realmente numa boa gestão para que todas a Misericórdias não sofram mais ainda. Vamos ver como tudo vai acabar, mas estou convencido que vamos chegar a bom porto”, terminando por dizer ao provedor de Semide “que fez uma peregrinação formidável, cheia de fé, ao Senhor da Serra” e exortando a que “devem continuar, não somos uma instituição da Igreja, somos uma instituição de Igreja e, por isso, devemos continuar a cumprir as Obras de Misericórdia”.
E depois do presidente da União de Freguesias de Semide e Rio de Vide ter saudado os representantes das Misericórdias e de agradecer o trabalho diário da Misericórdia de Semide, também a vice-presidente da Câmara Municipal depois de dar as boas-vindas “a todos que vieram até aqui hoje participar nesta Peregrinação e contribuir para manter viva esta tradição religiosa, cultural e social e que para nós continua a ter bastante peso, apesar de não trazer as pessoas que trazia há alguns anos atrás”, terminando com os agradecimentos “por manterem viva esta tradição” e votos de que “para o ano cá estejam novamente. Serão bem-vindos”.