TÁBUA: “50 anos depois, Abril é o amanhã”

Ricardo Cruz evocou as conquistas de Abril e perspectivou o futuro, com os jovens a contribuírem para a construção do concelho, baseado nas suas próprias expectativas

O Município de Tábua assinalou o cinquentenário da “Revolução dos Cravos” com a realização de várias iniciativas, entre elas a inauguração, na rotunda da Moita da Serra, do monumento evocativo dos 50 Anos do 25 de Abril de 1974.

Depois do Hastear da Bandeira Nacional – em que o som e a voz da Academia Artística do Município de Tábua e do Coro Polifónico do Município de Tábua, respectivamente, se fizeram ouvir – teve lugar a sessão solene evocativa da efeméride, onde as forças políticas representadas nos Órgãos Autárquicos, tiveram a oportunidade de realçar as conquistas alcançadas com o regime democrático, evidenciando que o Portugal de hoje, apesar de algumas imperfeições, beneficiou de um enorme desenvolvimento a todos os níveis.

Disso deu nota o presidente da Assembleia Municipal ao referir os benefícios alcançados a nível social, sublinhando que (…) «o 25 de Abril é de todos, mesmo daqueles que não ligam nada à data», lamentou Nuno Tavares.

Por isso, coube à líder da bancada municipal do Partido Socialista, recuar no tempo e avivar na memória de todos quantos encheram o salão nobre dos Paços do Concelho, sobre como era Portugal até ao dia 24 de Abril de 1974, com especial enfoque para as MULHERES. «Foi preciso muita coragem para soltar as correntes, para libertar os pensamentos e para construir a Democracia», sublinhou Olga Nunes, que alertou que (…) «numa altura em que assistimos a constantes ataques que colocam em causa o alcançado, devemos cerrar fileiras no combate pela Igualdade de Direitos, pela Democracia e pela Liberdade». «Quem adormece em Democracia corre o risco de acordar em Ditadura», observou.

Olga Nunes concluiu a intervenção citando a última quadra da cantiga “Trova do Vento que Passa” (de autoria do poeta de Manuel Alegre, e imortalizado por Adriano Correia de Oliveira): “Mesmo na noite mais triste / em tempo de servidão / há sempre alguém que resiste / há sempre alguém que diz não”.

Seguiu-se a intervenção do líder da bancada municipal da Coligação PPD-PSD / CDS-PP / “Coragem para Mudar”, para lembrar que 50 anos passados (…) «não temos Saúde, Justiça e Educação», “falhas” que, segundo Fernando Tavares Pereira, são resultado da (…) «falta de empenho» dos governantes. «O 25 de Abril foi feito para que haja Igualdade. Não queremos uma ditadura de direita nem de esquerda», sublinhou.

Rogério Neves – presidente da Junta de Freguesia de Carapinha – (em representação dos grupos de cidadãos independentes), começou por referir que apesar dos avanços alcançados ainda existem desafios como (…) «a igualdade de género, a justiça social, a saúde, a educação, a sustentabilidade ambiental e os excessos da própria Democracia».

No texto co-redigido por João Nuno Brito – presidente da União das Freguesias de Covas e Vila Nova de Oliveirinha – os autarcas destacaram alguns “se não” dos nossos tempos, como sejam o Populismo (exploração de emoções); o Maioritarismo (interesses das minorias ignorados ou suprimidos em favor da maioria); Polarização Política (divisão ideológica e partidária, dificultando o diálogo e a cooperação, e deste impedindo o consenso e a resolução de problemas comuns); a Desinformação (disseminação de informação falsa que influencia a tomada de decisões informadas).

Ainda antes do presidente da Câmara Municipal encerrar a sessão solene, os alunos Leonor Pereira e João Oliveira (Agrupamento de Escolas de Tábua) e Laura Gomes (Pólo de Tábua da EPTOLIVA – Escola Profissional), deram a sua visão dos acontecimentos, através da leitura de textos por si realizados, alusivos ao 25 de Abril.

Sendo que as comemorações são para recordar (para que a memória de outros tempos não se perca e possa ser “ensinada” às gerações vindouras), mas por outro lado devem servir para estimular o presente, e sobretudo, projectar o futuro, o presidente do Município foi sintomático: «50 anos depois, Abril é o amanhã».

Ricardo Cruz começou por salientar que a melhor homenagem ao 25 de Abril (…) «é transpor os seus ideais para o futuro. É ter a capacidade de transmitir os seus valores e princípios às novas gerações». «Os jovens de hoje, fazendo parte da geração mais qualificada de sempre – graças às conquistas alcançadas com o 25 de Abril – não se podem eximir das suas responsabilidades».

O autarca quer que os jovens se sintam “cidadãos de pleno direito” (…) «com uma participação activa na vida cívica da nossa comunidade», para, desta forma (…) «contribuírem para a construção do concelho, baseado nas suas próprias expectativas», dando como exemplo as “ferramentas” já existentes, como sejam, o “Conselho Municipal da Juventude”, a instituição do “Provedor da Juventude” ou a criação do “Plano Estratégico da Juventude de Tábua”.

Com esse futuro no horizonte, Ricardo Cruz anunciou de que foi já submetida a candidatura ao PRR para a requalificação e ampliação da Escola Secundária de Tábua, num investimento de 6 milhões de euros, bem como das iniciativas de fomento à atracção e fixação de jovens no concelho, porque (…) «é com estes que, de forma livre e transparente, se deve continuar a edificar Abril», considerou.

Mas também o presente mereceu o destaque da intervenção. Reconhecendo que as Autarquias Locais têm sido um parceiro fundamental do Estado e em que o reforço das competências é fruto a sua capacidade de gerir melhor os recursos, o autarca aludiu à necessidade da Lei de Financiamento das Autarquias ser um instrumento de maior justiça e equidade para os Municípios de territórios de baixa densidade (…) «onde os investimentos são sempre mais onerosos que em outras regiões, ou seja, que esta seja capaz de promover uma maior coesão territorial e social no nosso País».

Ricardo Cruz terminou citando, também Manuel Alegre: «Foram dias, foram anos a esperar por um só dia. Foi a noite e foi o dia, na esperança de um só dia”.

«Este é o dia por que tantos esperaram», concluiu, dando vivas à Liberdade, a Tábua e a Portugal.

Recorde-se que durante o dia, foi inaugurado um monumento dedicado aos 50 anos do 25 de Abril (ver caixa), e foi colocado no túnel de acesso à Praça Professor Doutor António Castanheira Neves (acesso ao largo do Palácio da Justiça) o “Painel de Abril” – da Editorial Moura Pinto -, também ele alusivo à efeméride.