Os sócios da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Tábua aprovaram por maioria, o Plano de Actividades e Orçamento para 2023 e, também a Revisão Estatutária, em assembleias distintas que tiveram lugar na manhã e tarde do último sábado, dia 9, na sala dos directores e comandantes da sede/quartel dos bombeiros da vila.
Na primeira sessão – assembleia geral ordinária – o Plano de Actividades foi elaborado por forma a (…) «responder às necessidades» da instituição e, sobretudo, do Corpo de Bombeiros, considerou o vice-presidente da Associação Humanitária.
A aquisição de um Veículo Tanque Táctico e de equipamento de massagem cardíaca, são algumas das principais metas da direcção, revelou António Oliveira.
Para além destas, estão previstas várias requalificações no edifício, algumas das quais já se encontram em execução, como seja a pavimentação da garagem do parque de ambulâncias, e a colocação de pala no novo edifício do quartel.
A substituição do telhado e pintura de todo o edifício – incluindo a casa escola – é outra meta, mas que só deverá ter início na Primavera de 2024 (devido às condições climatéricas mais propícias), tendo já sido aprovada a candidatura para a sua execução. Trata-se de um investimento no valor de 100 mil euros (…) «com 100% a fundo perdido», garantiu Rui Andrade, presidente da Direcção.
Centro de Exames vai mudar para a Zona Industrial
Prevista está também a construção de novas instalações para o Centro de Exames de Condução de Tábua, cujos Bombeiros são a única instituição humanitária detentora de tal certificação.
Pelo que foi possível apurar, a deslocação do Centro que actualmente funciona num espaço do Terminal Rodoviário para a Zona Industrial, está apenas dependente do processo burocrático, sabendo-se já a localização do lote para a edificação das instalações, e cujas obras deverão iniciar-se durante o próximo ano.
Recorde-se que os Bombeiros, para além do Centro de Tábua, são detentores de mais três centros de exames: Mirandela, Fundão e Portimão.
De referir que o Plano de Actividades foi aprovado por maioria tendo recebido 43 votos favoráveis e 1 voto contra.
Orçamento prevê saldo positivo
De acordo com o enunciado no documento disponibilizado aos sócios, o Orçamento para 2024 da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Tábua (…) «independentemente dos rendimentos e gastos correntes bem como os investimentos, irá ter um especial enfoque nas iniciativas elencadas no plano de actividade. Os valores previstos, tiveram como base de trabalho os valores do ano em curso, acrescidos da taxa de inflação de cerca de 2,9%, mencionada no Orçamento de Estado para 2024».
A Direcção prevê um montante de 2,487,716.00 euros para Gastos, e um valor de 2,615,521.00 euros para Rendimentos, o que perfaz um saldo positivo previsto de 127,805.00 euros.
Para a Direcção da Associação Humanitária trata-se de um (…) «orçamento ambicioso», mas, acima de tudo (…) «é um orçamento equilibrado», sublinhou Rui Andrade.
O documento registou 42 votos favoráveis, 1 voto contra e uma abstenção, tendo sido, por isso, aprovado pela maioria dos associados presentes na sessão.
Mas esta não foi uma sessão de “améns”. Ficou marcada pela declaração de voto de um sócio – eleito em 2021 para o Conselho Fiscal, e que, entretanto, deixou de fazer parte daquele órgão fiscalizador das actividades da Associação dos Bombeiros – onde pede vários esclarecimentos.
O documento apresentado contempla 7 pontos/questões, onde invoca – segundo o próprio – ilegalidades por parte da direcção no que toca ao cumprimento estatutário, desde logo pela substituição da tesoureira da direcção por um vogal, quando aquela (…) «discordou com a política financeira da Associação», considerando que (…) «neste sentido a direcção incorreu da prática de um acto nulo»; também a (…) «doação da ambulância» ao Município do Sal (Cabo Verde) e (…) «passados dois meses adquirir outra, suponho para substituir a doada»; o (…) «procedimento/concurso de recrutamento de recursos humanos» assinado/despachado pelo Comandante (…) «quando as competências da Direcção são distintas do responsável do Corpo Activo»; a inexistência de “símbolos/logotipos” da Associação na viatura afeta ao comandante; e a política de gestão adoptada para contratação (…) «de pessoal aposentado, considerando que as funções desempenhadas pelos Bombeiros são extremamente exigentes, nomeadamente em termos físicos».
Na resposta, João Canotilho Lage, presidente da Mesa da Assembleia Geral foi claro: «A única coisa que tenho a dizer é que, se se sentir lesado tem que impugnar. Tem que fazer essa impugnação em tribunal. Não tenho competência jurídica para fazer essa avaliação. É um direito de cada sócio impugnar deliberações da assembleia. Qualquer deliberação judicial que houver, acatarei essa decisão. Estou tranquilo».
Quanto à doação da ambulância ao Município do Sal, coube ao presidente da Direcção esclarecer que, a viatura não tinha a devida inspecção da autoridade de Saúde, e por isso não podia circular.
«O valor da reposição do equipamento de saúde era oneroso» pelo que não estava nos planos da Direcção ser eito qualquer investimento. Por outro lado, aquando da última visita da delegação do Sal a Tábua, foi mostrado interesse por parte do representante da Protecção Civil da ilha, em adquirir a viatura, o que acabou por acontecer na forma de doação.
«Os custos com o transporte por via marítima foram suportados pela ANEPC de Portugal», ao abrigo de um protocolo com os PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa), elucidou o vice-presidente da Direcção. «Os Bombeiros Voluntários de Tábua não tiveram encargos», acrescentou António Oliveira, esclarecendo ainda que – por as leis dos dois países serem diferentes – (…) «a ambulância está a ser usada e mantém a designação: BV Tábua».
Revisão Estatutária
Este foi o assunto da sessão da assembleia-geral extraordinária, onde foi apresentada, explicada e votada a proposta da Direcção.
É um documento extenso, com 94 artigos, se comparado com os anteriores Estatutos, que estavam em vigor desde 2004, e composto por apenas 12 artigos.
Trata-se, pois, de um (…) «proposta robusta passar de 12 para 94 artigos», sublinhou o presidente da mesa da assembleia geral, João Canotilho Lage.
O documento apresentado pela Direcção foi sujeito à análise e escrutínio dos 37 sócios presentes, e acabou por ser aprovado por maioria, com 2 votos contra e 1 abstenção.
Recorde-se que os Estatutos da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Tábua, após esta aprovação, vão ser registados notarialmente e, também enviados à Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil.
No final das quatro horas de reunião, João Canotilho Lage agradeceu a resiliência, a participação e intervenção dos associados presentes.
«O nosso propósito – revisão estatutária – correu bem. Conseguimos o objectivo, e espero que estes novos Estatutos tragam outra abrangência e acuidade, que, com certeza, irão facilitar a vida normal da instituição», vincou o presidente da Mesa da Assembleia Geral.
Apesar de tudo, o sócio Carlos Santos não deixou passar em claro a pouca participação dos sócios nas duas assembleias – 44 e 37, respectivamente. «Lamento imenso que tenham sido tão pucos sócios a aprovar uns estatutos desta envergadura. Lamento imenso uma associação destas, com esta dimensão, e ter tão pouca participação».
Assim (…) «qualquer pessoa ganha as eleições, porque os sócios não se apresentam. Não é preciso muito, basta ver o número de pessoas que compõem os órgãos sociais e o número de sócios presentes», enfatizou.
A terminar a sessão, o presidente da Direcção agradeceu a presença dos sócios, fazendo votos de que (…) «continuem a fazer parte desta casa». Rui Andrade sublinhou que, apesar da diferença de opiniões, o intuito da Direcção (…) «é unir e não afastar», agradecendo também o contributo que os elementos dos órgãos sociais tiveram (…) «para a concretização destes Estatutos» concluiu.
O regresso do “Baile Grande”
Esta é outra das apostas da actual direcção da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Tábua: a “reactivação do evento, famoso e saudoso Baile Grande”.
Realizado na data da função da Associação 28 de Agosto (1935), sempre na noite de sábado para domingo, longe vão os tempos em que a população contribuía, cada um com o que podia, para o sucesso do “Baile Grande” também conhecido por “Baile de Gala” dos Bombeiros.
Memória 1: O jantar/”buffet”, era confeccionado pelas senhoras da comunidade tabuense – fossem elas esposas ou mães de bombeiros ou de directores. Aos homens estavam-lhes incumbidas as bebidas e a preparação (permitam-me a confissão) do delicioso “cup” (bebida de frutas com álcool), que muito desinibia, mas sempre sem perder o decoro.
Para subir ao salão de baile (Salão Nobre dos Bombeiros) aos homens era exigido o uso casaco e gravata – indumentária que depressa era retirada após a segunda ou terceira dança – e às senhoras era “recomendado” o “vestido comprido”.
A “orquestra” – não era grupo de baile – começava a tocar, e só depois do carismático dr. Costa (médico António da Costa Júnior) abrir com breves passos de dança, estava, por assim dizer, oficializado o baile.
Durante muitos anos foram as orquestras de Shegundo Galarza (maestro e compositor basco) e de Jorge Machado (pianista e maestro) que abrilhantaram os bailes, sempre muito participados (por convite).
Memória 2: No decorrer do baile, normalmente por volta da meia-noite – começou a ser praxe – havia uma chamada telefónica para a central dos bombeiros e, inevitavelmente, tocava a sirene. O baile ficava em suspenso… por breves minutos… para depois recomeçar ainda com mais animação, por que era sempre “falso alarme”!
Recorde-se que durante anos – começam a esvanecer-se da memória colectiva – o “Baile Grande” foi uma das principais referências da pujança social dos Bombeiros Voluntários de Tábua em toda a região, e até a nível nacional.