
Depois da extinção da Filarmónica de Pomares, foi agora a vez da Sociedade Filarmónica «Flor do Alva», que pela distanciação dos seus sócios e amigos e dos vilacovenses em particular, acabou os seus dias no passado sábado, dia 26, após 104 anos plenos de sucessos e de grandeza cultural-musical, que era o orgulho dos vilacovenses e do concelho de Arganil, que doravante deixou de contar com mais uma filarmónica, quando possuía cinco.
Ainda houve algum esforço do presidente da assembleia geral, Dr. Nuno Espinhal, para que as coisas se compusessem, mas acabou por ceder porque as evidências foram tantas e claras e perante tão importante problema, pouco mais de meia dezena de pessoas compareceram à chamada, com o propósito de se resolver a situação.
Foi aprovado por unanimidade que o espólio seja entregue à União de Freguesias
E foi com o desabafo do presidente da mesa, que vendo tanto desprezo por este problema, afirmou que «não sei o que vai na cabeça dos vilacovenses», pois nem «havia sequer luta nem assistência», porque ninguém apareceu apresentando uma lista de novos órgãos sociais.
Assim sendo e pondo à votação, por voto secreto, qual das instituições iria ficar com o património da «Flor do Alva», foi unânime passar essa responsabilidade para a União de Freguesias de Vila Cova do Alva e Anseriz, adiantando a presidente da direção, Margarida Fernandes, que segundo os estatutos da banda, prevendo esta situação, o património seria entregue precisamente à autarquia local.
Na opinião do Dr. Nuno Espinal a banda deve continuar a existir, nem que seja com um pequeno grupo de executantes, para que a cultura musical não acabe em Vila Cova do Alva, e que o saldo existente, no valor de 5.946,94 euros, deve ser aplicado a bem do sistema que apontou. Mas se entretanto houver alguém que queira revitalizar a Sociedade Filarmónica, tudo se resolverá a contento.
Foi ali deixado claro que os executantes que têm fardas e instrumentos em casa que os devem entregar, pois o seu custo total é de 22.719,50 uros, já que todo o resto do imobilizado, no que toca a viaturas, móveis e imóveis é de 11.073,00 euros e louças 773,50 euros.
Para o vilacovense José Raimundo, que tem já a seu encargo o Grupo Desportivo, disse que «hoje se acabava o ciclo da Filarmónica, isto é uma vergonha de não haver ninguém nesta terra ou em Lisboa que estivesse presente nesta sessão», lamentando que nem músicos ali estavam presentes e que nem a autarquia ali estava representada.
Assim vão os tempos, onde a riqueza histórico-cultural e não só, se vai perdendo a pouco-e-pouco e assim deixando uma escuridão no ambiente vivo de cada aldeia.