Eleito para o seu terceiro e último mandato nas listas do Partido Socialista como presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Poiares, João Miguel Henriques, disse, na sua tomada de posse, que “os poiarenses expressaram a sua vontade nas urnas, validando a sua confiança no trabalho até agora desenvolvido e reforçando a necessidade de lhe dar a devida continuidade”.
E ao expressarem a sua vontade “nas urnas e de forma clara e inequívoca”, os poiarenses validaram assim essa confiança no trabalho que, ao longo dos últimos oito anos, tem sido desenvolvido por João Miguel Henriques e pela sua equipa à frente dos destinos do Município e também pelo voto nas listas apoiadas pelo Partido Socialista que, como reconhece, “obtiveram no nosso concelho uma expressiva maioria em todos os órgãos autárquicos, conquistando dessa forma a maior percentagem eleitoral alcançada pelo Partido em todo o distrito de Coimbra”.
“Se por um lado a análise destes resultados nos transmite um considerável grau de satisfação e orgulho, face à confiança que mais uma vez nos foi manifestada, por outro lado, aumenta também de forma considerável a nossa responsabilidade, algo que não queremos de forma alguma desconsiderar, porque significaria o defraudar das expectativas depositadas em nós”, disse ainda o reeleito presidente da Câmara Municipal.
A COMARCA (AC) – Como disse e para que essas expectativas não sejam defraudadas, o que é que continua, o que falta fazer, quais os objetivos e os grandes desafios para este mandato?
JOÃO MIGUEL HENRIQUES (JMH) – Começo por lhe dizer que, acresce que estes resultados derivam da avaliação feita ao trabalho realizado durante um período de grandes dificuldades, caracterizado por condições muito especiais, devido a um conjunto de adversidades que fomos obrigados a enfrentar durante estes quatro anos. Falo concretamente do grande incêndio de 2017 que atingiu a região e que deixou um elevado grau de destruição no nosso concelho, pelo meio duas tempestades que destruíram um conjunto de infraestruturas públicas e privadas e, por fim, a pandemia da Covid-19 que nos atingiu a todos e veio alterar a nossa forma de viver e de governar. Assim, um grande desafio para o novo mandato passa desde logo pela recuperação definitiva dos efeitos da pandemia e, a este, há a somar o grande objetivo de consolidação de uma gestão financeira equilibrada, sustentável e transparente que, registe-se, tem sido um dos pilares basilares da nossa acção desde o dia em que tomámos posse para o primeiro mandato. Aliás, tem sido esta postura que nos tem permitido continuar a cumprir as metas de redução do endividamento municipal e, ao mesmo tempo, ser capazes de investir no futuro sem hipotecar as gerações vindouras. A estes dois desideratos há ainda a somar as oportunidades que o Plano de Recuperação e Resiliência trará, que perspetiva uns próximos anos de grande investimento público, a conclusão do Portugal 2020 com um conjunto significativo de investimentos ainda por concretizar, assim como o aproveitamento das oportunidades criadas pelo novo Quadro Comunitário de Apoio. Paralelamente, e como grande desafio para este mandato, tenho que elencar a tão badalada transferência de competências, em particular nas áreas da saúde, educação e acção social, fundamentais para o bem-estar e qualidade de vida dos cidadãos. Numa visão mais global, este novo ciclo traz novas perspectivas e uma nova esperança relativamente ao que o futuro próximo nos reserva. Se é verdade que é necessário recuperar rapidamente dos efeitos negativos que nos deixaram as adversidades dos últimos quatro anos, é certo que procuraremos aproveitar todas as oportunidades de investimento que se avizinham. Esta tem de ser a nossa visão e missão, para dar sequência ao trabalho de afirmação permanente do nosso concelho como um local que as pessoas procurem, o valorizem para viver, investir, visitar e, sobretudo, ser feliz.
AC- No seu discurso de tomada de posse referiu-se ainda a um conjunto significativo de investimentos por concretizar. Quais são?
JMH – Efectivamente há um conjunto largo de investimentos que pretendemos concretizar ao longo deste mandato e que se tornaria exaustivo estar a elencar um por um. No entanto, existem alguns que pela sua importância capital para o crescimento e desenvolvimento sustentável do concelho e, por representarem uma significativa melhoria na qualidade de vida e bem-estar dos cidadãos, merecem ser referenciados. Desde logo, o grande destaque vai para a área da mobilidade e transportes, com o processo da construção da ligação viária entre o IP3 a A13, cuja elaboração dos estudos e projetos está já em curso. Por outro lado, iremos iniciar a construção da segunda fase do Polo II da Zona Industrial, dando continuidade à fundamental expansão do parque de acolhimento empresarial do concelho. Outras duas grandes obras que irão em breve avançar são a requalificação do Centro de Saúde, que permitirá aos profissionais de saúde e utentes melhores condições de trabalho e atendimento, bem como a requalificação da Escola E.B. 2,3/S Dr. Daniel de Matos, que representará a intervenção de fundo o espaço necessita. Na área de urbanismo e ordenamento do território, iremos continuar a já iniciada requalificação urbana e paisagística do centro da vila, iniciada com a requalificação do Mercado Municipal e que, nesta segunda fase, irá ser alargada ao espaço central da sede do concelho, passando pela substituição de pavimentos, construção de novos passeios, com melhoria ao nível das acessibilidades e mobilidade, áreas para ciclovia, novas zonas de estacionamento e novo mobiliário urbano. Vamos também iniciar a primeira fase da construção do Parque Verde de Vila Nova de Poiares, localizado entre o Polo I da Zona Industrial e a malha urbana, nomeadamente a Avenida Manuel Carvalho Coelho e a zona escolar e de equipamentos da Escola Dr. Daniel de Matos, com a construção de percursos pedonais, ciclovias, espaços ajardinados e zona de lazer. Estes são alguns dos investimentos que se tornam mais visíveis, mas não iremos descurar todas as outras áreas de acção que passam pela gestão municipal administrativa e financeira, competitividade económica e empresarial, saúde, cultura, turismo, ambiente e transição energética, desenvolvimento rural, agricultura e florestas, acção social, protecção civil, associativismo, desporto e juventude e bem-estar animal, entre outras.
AC – Referiu que o Plano de Recuperação e Resiliência, o Portugal 2030, são alguns dos desafios para este mandato. São decisivos e oportunidades de investimento no apoio e na ajuda para a concretização dos investimentos que faltam fazer no concelho?
JMH – Sem dúvida. Falamos de programas que se revestem de elevada importância para Vila Nova de Poiares, ao proporcionar um conjunto de meios fundamentais para a realização de um conjunto de investimentos que de outra forma seriam impossíveis de concretizar. No caso concreto da Câmara Municipal, posso referir que tem existido um trabalho a montante de identificação das nossas necessidades. Este processo passa pela preparação de projectos devidamente fundamentados para que possam ser submetidos na altura em que as candidaturas abram e dado que o Plano não se destina apenas ao investimento público, há que também estar atento no que diz respeito ao capítulo do investimento privado, nomeadamente através do Gabinete de Apoio ao Empreendedor (GAE) da Câmara Municipal que dará todo o apoio necessário quer às empresas, quer às instituições do concelho, para que possam também estas entidades privadas aproveitar as oportunidades do PRR e trazer investimento para Vila Nova de Poiares. Já agora, permita-me destacar o papel que o GAE tem desempenhado nestas matérias, ao nos assumirmos como um parceiro fundamental junto da sociedade civil, em particular da Associação Empresarial de Poiares e de todos os empresários de uma maneira geral, na procura de soluções e respostas para aquilo que são os anseios e necessidades do tecido empresarial e comercial do concelho.
AC – No próximo ano, apesar de obrigatório, o Município acolhe com agrado a tão polémica transferência de competências da Administração Central?
JMH – Um dos maiores desafios para os próximos quatro anos prende-se com a concretização do processo de transferência de competências da Administração Central para os Municípios nas áreas de Educação, Saúde e Acção Social, o que tentaremos aproveitar para valorizar o trabalho colaborativo entre os vários intervenientes, garantindo dessa forma respostas mais eficientes e eficazes à população. Como já referi, em breve irão iniciar-se as obras de requalificação do edifício do Centro de Saúde, uma empreitada da responsabilidade do Município depois do acordo assinado com o Ministério da Saúde, estando neste momento em curso as diligências necessárias para finalizar processo idêntico com o Ministério da Educação tendo em vista a necessidade de requalificação dos edifícios e espaços envolventes da Escola-sede do Agrupamento de Escolas Dr. Daniel de Matos. Trata-se de uma grande responsabilidade que o Município de Vila Nova de Poiares irá assumir, aproveitando para a transformar numa oportunidade de melhoria dos serviços prestados à comunidade, por forma a que a resposta seja mais célere e eficaz à população, trabalhando em conjunto com as diversas entidades envolvidas, seja na saúde, educação ou ação social.
AC – E essa transferência de competências é também acompanhada do respectivo pacote financeiro ou apenas de responsabilidades?
JMH – Sabemos que não, pelo que esse tem sido o motivo pelo qual ainda não aceitámos a transferência de competências. No entanto, temos a certeza de que, mesmo com os parcos recursos ao dispor do Município, seremos capazes de fazer um trabalho que defenderá os superiores interesses dos cidadãos de Vila Nova de Poiares. Se observarmos esta transferência de competências à luz do princípio da subsidiariedade – que assenta no princípio da garantia de um determinado grau de autonomia da autoridade local em relação ao Poder Central -, estamos convictos que conseguiremos oferecer um serviço mais eficaz e eficiente, fruto da capacidade que as autarquias têm em rentabilizar melhor os mesmos recursos, quando comparados com a Administração Central.
AC – E porque falamos em pacote financeiro, passados que foram oito anos depois de ter herdado uma Câmara numa situação difícil, qual é a actual situação financeira do Município?
JMH – Ao longo destes últimos oito anos temos feito um enorme esforço na recuperação da situação financeira da Câmara Municipal de Vila Nova de Poiares, tarefa que apesar de difícil, permitiu em particular ao Município recuperar a credibilidade que havia sido perdida junto dos seus fornecedores. Recordo que, em 2013, quando assumimos a presidência do Município, deparámo-nos com uma dívida que ultrapassava os 20 milhões de euros. Hoje, já conseguimos reduzir 7 milhões à dívida pública, cifrando-se neste momento nos 13 milhões. Estamos longe da situação ideal, sendo que todos os anos alocamos 1 milhão de euros do nosso orçamento ao serviço de dívida, o que inevitavelmente nos retira capacidade de investimento ao nos impossibilitar de aplicar essa verba naquilo que é mais importante, nomeadamente na resolução dos problemas e necessidades dos nossos concidadãos. Mas tem sido graças a este compromisso assumido desde a primeira hora, o de uma gestão rigorosa, equilibrada e transparente das contas públicas, que conseguimos recuperar a imagem da Câmara Municipal, sendo hoje uma entidade de ‘boas contas’, que paga atempadamente aos seus fornecedores – o prazo médio de pagamento é de 15 dias – e que cumpre religiosamente com aquilo que são as suas responsabilidades financeiras.
AC – Reconhece que uma das principais imagens de marca do concelho é a competitividade económica e empresarial. Essa imagem não está distorcida pela falta de uma boa acessibilidade a Poiares?
JMH – Claro que não! Aliás, basta olhar para os números para constatar a vitalidade do sector empresarial e económico de Vila Nova de Poiares. É verdade que as acessibilidades como as conhecemos ao dia de hoje podem afigurar-se como uma condicionante, mas isso é rapidamente ultrapassado pela vitalidade e capacidade do nosso tecido empresarial e mais será com as melhorias que estão a ser projectadas. Repare, só o parque industrial de Vila Nova de Poiares é composto por quase 90 empresas que empregam mais de um milhar de pessoas. Desse total, mais de 30 são indústrias e empresas de cadeia e logística, ou seja, dedicadas ao transporte e armazenamento de mercadorias. Mais: na sua grande maioria, as indústrias existentes no concelho são exportadoras, ou seja, contribuem para que a balança comercial nacional seja positiva, assumindo um importante papel na recuperação e desenvolvimento económico do concelho, da região e do país. Vila Nova de Poiares apresenta um volume de negócios que é o quarto maior do distrito. De acordo com últimos dados conhecidos, só as 50 maiores empresas registaram um volume de negócios que ultrapassou os 425 milhões de euros… Penso que os números falam por si…
AC – Mesmo assim sabemos que uma das principais prioridades e lutas da Câmara a que preside tem sido a falta de acessibilidades dignas ao concelho. Acredita que vai ser possível, de entre outras, a construção da tão reclamada ligação entre o IP3 e a A 13?
JMH – Como já referido anteriormente, ao nível da mobilidade e transportes teremos pela frente a gestão de um dos mais importantes e ambiciosos processos para o futuro do nosso concelho. A resolução da falta de acessibilidades dignas ao concelho foi sempre uma das questões que concentrou a nossa atenção e identificada como uma das nossas principais prioridades. Finalmente, a tão esperada e reclamada solução deixou de ser um mero sonho e passou a ser um objetivo real, com os avanços já alcançados no processo que garantirá a construção da ligação viária entre o IP3 e a A13, pelo corredor sul do rio Mondego. Não sendo este um investimento directamente da responsabilidade do nosso Município, a verdade é que resulta da acção política e negocial que desenvolvemos durante os últimos oito anos, que agora está finalmente em processo de concretização e que, necessariamente, exigirá da nossa parte uma acção empenhada e comprometida de acompanhamento até à tão desejada obra propriamente dita.
AC – Sem boas estradas não há desenvolvimento, mas sem pessoas muito menos. O concelho tem sentido os efeitos da desertificação que se tem feito sentir sobretudo no interior?
JMH – Vila Nova de Poiares tem, de acordo com os dados dos censos preliminares de 2021, um total de 6.813 habitantes, o que representa um decréscimo de cerca de 6% quando comparado com 2011. São números que reflectem uma tendência generalizada em todo o país, como é do conhecimento geral. No entanto, o nosso concelho, quando comparado com os restantes do Pinhal Interior, foi o que menos sofreu esses efeitos, o que estará relacionado claramente com a vitalidade empresarial que registamos, mas também com as políticas locais que implementámos com o intuito de fixar as pessoas.
AC – E o concelho oferece as condições necessárias para a fixação das pessoas?
JMH – Julgamos que sim. Aliás, se existe motivo de regozijo em Vila Nova de Poiares é a constatação de que existe pleno emprego, mas não só. Outra das grandes preocupações deste executivo tem sido em criar as melhores condições para o sucesso escolar das nossas crianças e jovens, sendo que temos de destacar o investimento em termos estruturais nos Centros Escolares e, brevemente, na Escola-sede do Agrupamento, mas também na implementação de diversos programas de apoio aos alunos com maiores dificuldades na sua aprendizagem, de que é exemplo a promoção do sucesso escolar com o Programa EPIS. Por outro lado, e como referi, vamos avançar com o investimento no Centro de Saúde para oferecer melhores condições aos utentes e também aos seus profissionais e refira-se que, nesta temática, consideramos ser necessário investir nos recursos humanos, nomeadamente através da contratação de mais profissionais de saúde para responder às necessidades da população. Em termos culturais, temos promovido uma série de projetos e programas que têm colocado o concelho nas rotas principais culturais da região. Falo da POIARTES, um certame que abre as portas de Vila Nova de Poiares e mostra as potencialidades do Município a toda a região e ao país; falo da Rede Cultural Terras da Chanfana, um programa promovido por Vila Nova de Poiares, Miranda do Corvo, Lousã e Penela e que, durante ano e meio, trará a todo este território uma variedade de artes; falo ainda da cultura através do teatro e das artes circenses, através do programa Sonhando na Eira, que levou a cultura a todas as aldeias do concelho. A requalificação urbana tem sido outra das nossas apostas, temos feito um enorme trabalho, ainda que obviamente condicionado pelas questões financeiras já aqui referidas e mesmo com as dificuldades conhecidas, temos sido capazes de requalificar, abrindo os equipamentos e espaços públicos, e colocando-os ao serviço das pessoas, para que deles, possam usufruir…
AC – E na área social?
JMH – Essa é uma área que, sobretudo por falarmos de pessoas carenciadas, quanto mais discreta for a nossa acção melhor. No entanto, posso dizer que tem sido desenvolvido um grande trabalho, procurando dar resposta às situações de maior fragilidade numa perspetiva de solidariedade. Por outro lado, temos também nesta área desenvolvido programas de resposta às famílias mais jovens, nomeadamente o Nascer + e o Bebé Poyares, que são na realidade mais uma resposta que a Câmara Municipal procura dar, com o intuito não só de incentivar a natalidade, mas também de oferecer condições para que estas famílias se fixem em Vila Nova de Poiares.
AC – Falou em famílias mais jovens e porque os jovens são o futuro, que futuro lhes oferece Vila Nova de Poiares?
JMH – Como referido, temos procurado criar as condições para a sua fixação, quer seja através da oferta de serviços que são essenciais para a sua qualidade de vida, como a saúde, educação, segurança, cultura, desporto, um associativismo muito forte, rico e diverso, a oferta de oportunidades de trabalho e de crescimento enquanto cidadãos…
AC – E Vila Nova de Poiares é um “Concelho com Futuro”?
JMH – Mais que um slogan, esta é uma realidade indubitável. Acreditamos muito na nossa juventude e na capacidade de todos os poiarenses em criarem em conjunto um concelho cada vez mais desenvolvido, socialmente sustentável, com capacidade para acolher quem quer vir trabalhar e viver, mas também quem nos visita. Temos um potencial enorme e queremos continuar a crescer.
AC – Potencial que não deixa de passar também pelo turismo, pela gastronomia, pelo artesanato, pelo ambiente, pela cultura, pelo desporto?
JMH – O turismo continuará também a ser merecedor da nossa maior atenção. Sendo uma área em que, durante muitos anos, o nosso concelho pouco ou nada investiu, hoje, fruto da participação em vários projetos de carácter intermunicipal, como a Rota da N2, Coimbra Região Europeia da Gastronomia, a Grande Rota do Alva ou as Terras da Chanfana, temos conseguido atrair ao nosso concelho milhares de visitantes todos os anos que muito tem contribuindo para ajudar a alavancar a economia local, nomeadamente em sectores com ao restauração, o alojamento local, o pequeno comércio ou outros diretamente envolvidos. Queremos ainda continuar a aproveitar estes projetos já em funcionamento para potenciar as nossas grandes marcas locais, como a gastronomia, o artesanato, os percursos pedestres e os desportos de natureza e investir em novos projectos como a construção do “Parque Natura da Fraga”, aproveitando os equipamentos ali já existentes, de que são exemplo as paredes de escalada com 41 vias, a pista de parapente e o complexo de piscinas e investir na construção de novas ofertas, nomeadamente novos percursos, passadiços, miradouros e circuitos de BTT, numa oferta integrada de experiências e sensações, que valorize ainda mais a riqueza natural daquele local. Pretendemos igualmente investir na construção da praia fluvial da Moenda Nova, na Ponte de Mucela, procurando aproveitar as oportunidades únicas de um dos espaços naturais mais aprazíveis do nosso concelho, em pleno Rio Alva. Ao nível do ambiente e da transição energética, iremos alargar de forma significativa a rede de saneamento básico do concelho a zonas ainda sem cobertura, continuar com o investimento na conservação e manutenção da rede pública de abastecimento de água, nomeadamente com o recurso a sistemas de monitorização e telegestão que permitam um melhor e mais eficaz controlo dos consumos e respetiva redução de fugas e perdas. Queremos igualmente intensificar a promoção do uso de energias ‘limpas’ e mais amigas do ambiente, através da implementação do programa de mobilidade eléctrica no concelho, continuar a renovar a frota automóvel municipal com preferência para a aquisição de veículos elétricos e aumentar o número de postos públicos de carregamento elétrico já disponíveis. Pretendemos ainda intensificar as acções de protecção e valorização do espaço florestal, trabalhando em conjunto com os demais actores locais, nomeadamente as comunidades de baldios e as ZIF’s, apoiando os proprietários que queiram utilizar árvores autóctones na reflorestação das suas propriedades, promovendo acções para a operacionalização das Áreas Integradas de Gestão de Paisagem (AIGP) do Alva, das Serras do Bidoeiro e Alveite, e da Serra do Carvalho, bem como alargar o número de aldeias do concelho abrangidas pelo programa ‘Condomínio de Aldeias’, destinado a melhorar a sua resiliência aos efeitos dos incêndios florestais. Ao nível do Urbanismo e Ordenamento do Território, queremos iniciar o processo de revisão do PDM, adequando-o às novas necessidades e realidade do concelho, bem como às novas exigências legais em vigor, além de como já referi, dar continuidade à requalificação urbana e paisagística do centro da vila, com início da segunda fase da intervenção entre o Mercado Municipal e o edifício dos Paços do Concelho, bem como dar início à primeira fase da construção do Parque Verde de Vila Nova de Poiares, no espaço situado entre o Polo I da Zona Industrial e a zona urbana, nomeadamente Avenida Manuel Carvalho Coelho e a zona escolar e de equipamentos, junto à Escola E.B./S Dr. Daniel de Matos.
AC – Marcado pelos incêndios de 2017, pelas tempestades, pela pandemia, este último mandato não deixou de obrigar executivo a mudar de rumo no caminho inicialmente traçado para, no imediato, ajudar a resolver problemas, adversidades, destruições, situações imprevistas e que, com certeza, ainda não foram totalmente ultrapassadas?
JMH – Este terá sido, certamente, o mandato autárquico mais difícil da história da nossa democracia, obrigando-nos a uma constante necessidade de adaptação e flexibilização de medidas para responder às necessidades emergentes e não previstas com que fomos confrontados. Foram muitos os recursos que estavam destinados a determinadas áreas que tiveram de ser canalizados de imediato para o apoio às famílias, empresas e instituições, como também para recuperar todas as infraestruturas e equipamentos que foram destruídos pelas catástrofes naturais. Mas temos que olhar para o futuro com positividade. Esperamos que a evolução da pandemia nos permita paulatinamente retomar a normalidade das nossas vidas e recuperar as dinâmicas sociais a que nos habituámos e de que tantas saudades temos. Queremos também retomar e aprofundar as parcerias com as instituições locais, na realização de eventos culturais, recreativos e desportivos, que promovam o território e sejam um incentivo ao envolvimento e participação da população. Nesse sentido, continuaremos a disponibilizar recursos financeiros, materiais e humanos às colectividades e instituições do concelho que apresentem uma actividade regular e em prol da comunidade, sempre numa perspetiva de valorização da atividade efectivamente desenvolvida e nunca premiando a simples existência.
AC – Neste mandato, não deixa de ser curioso a Câmara a que preside ser constituída apenas por mulheres. Pela sua sensibilidade, pela sensibilidade própria que as carecteriza, poderão ser uma importante mais-valia para os grandes desafios que tem ainda pela frente nestes próximos quatro anos?
JMH – De facto, um executivo ser constituído por apenas um homem e quatro mulheres deverá ser um caso raro no panorama autárquico nacional. Para mim, enquanto presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Poiares é uma honra presidir à autarquia nestas condições. Mas é importante referir que as quatro mulheres que compõem o executivo integram-no porque têm a capacidade e qualidade reconhecidas por todos e não por uma questão legal, nomeadamente de cumprimento da Lei da Paridade a qual, na minha opinião, acaba por subvalorizar a competência e o trabalho da mulher.
AC – E o que espera da oposição?
JMH – Espero um espírito de cooperação na defesa dos interesses do concelho, que não seja uma oposição meramente crítica e sem ideias, mas que traga contributos positivos para que a nossa acção seja melhor e adequada às necessidades dos nossos concidadãos. Enquanto maioria, já manifestámos a nossa total disponibilidade para continuar a trabalhar na Câmara Municipal numa perspectiva cooperativa, de disponibilidade e de ‘porta aberta’, como sempre temos estado, por forma a que possamos corresponder às expectativas do mandato confiado pelos poiarenses.
AC – E aos poiarenses que mensagem deixa para este seu novo (e último) mandato?
JMH – Vila Nova de Poiares é uma terra fantástica, aprazível para viver, com dinâmica para investir, agradável para visitar, composta por maravilhosas paisagens, povoada por gente fantástica, simpática, trabalhadora, honesta e com uma enorme vocação empreendedora e empresarial. O conhecimento e o respeito que temos pela nossa história são uma fonte de inspiração que alimenta a ambição com que olhamos para o futuro. Rejeitamos o conformismo, até porque não estamos habituados a facilidades. Somos ambiciosos e nunca nos resignaremos perante as adversidades. Vamos, por isso, continuar a trabalhar todos os dias, com todas as nossas forças para dar cumprimento a este desejo colectivo e partilhado de transformar Poiares num concelho cada vez mais moderno, desenvolvido e sustentável. Somos orgulhosamente poiarenses. Temos um amor incondicional por esta nossa terra. Assumimos em conjunto esta missão e estou plenamente convencido de que, todos juntos, vamos conseguir atingir os objetivos a que nos propusemos.