
Nos passados sábado e domingo, a Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários Argus, de Arganil, comemorou em festa o 91.º aniversário da sua fundação, “uma instituição que é, entre nós, um sinal vivo da vigilância cristã”, como referiu o reitor de Arganil (e capelão dos Bombeiros), padre Lucas Pio, na missa dominical celebrada na igreja matriz (também por intenção dos bombeiros, beneméritos e directores já falecidos), acrescentando ainda que “o Advento chama-nos a esta espiritualidade da vigilância. (…) Se há exemplo concreto de ‘vigiar’ são eles, homens e mulheres que, dia e noite, estão prontos; que saem quando todos se recolhem; que não perguntam ‘para quem’ nem ‘porquê’, mas simplesmente respondem; que não adiam o bem para amanhã, porque sabem que a vida acontece hoje. Os Bombeiros são, no coração da nossa comunidade, como sentinelas de esperança”.
“Os Bombeiros Voluntários Argus de Arganil são, foram e continuarão a ser uma referência de humanidade, de coragem e de honra”, considerou na sessão solene comemorativa de aniversário, o presidente da Federação de Bombeiros do Distrito de Coimbra, comandante Luís Sousa, enquanto o 2.º Comandante Sub-Regional da Protecção Civil, Nuno Seixas, ao referir-se aos 91 anos da Associação afirmou que “ao longo de quase um século, este Corpo de Bombeiros consolidou a sua identidade como uma verdadeira família, unida, resiliente, presente em cada momento difícil da comunidade, uma família respeitada, admirada e profundamente querida por todos os que conhecem o valor da nossa missão”.
E foram muitas dessas pessoas, os amigos dos Bombeiros, “por todos os que conhecem o valor da nossa missão” que quiseram partilhar destes momentos comemorativos e de festa, participando no jantar de aniversário, no sábado, no quartel, e no domingo no desfile apeado e motorizado na Avenida com a participação da Fanfarra dos Bombeiros Voluntários de Coja, na bênção de uma nova viatura e na sessão solene marcada pelas promoções, condecorações aos bombeiros e servidores da Associação, tendo ainda sido agraciados com o mais alto galardão dos Bombeiros, o Crachá de Ouro (ao abrigo das distinções honorificas da Liga dos Bombeiros Portugueses), o adjunto de comando António Manuel Pinto, e o bombeiro de 1.ª, Paulo Jorge Antunes.
Mas esta manifestação de gratidão por parte da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários Argus não deixou de se estender os seus servidores, o actual presidente da assembleia geral (e anterior presidente de direcção), Pedro Pereira Alves, e ao actual presidente do conselho fiscal (e antigo presidente de direcção), António Lopes Nogueira, enquanto o 2.º comandante Nuno Castanheira, o chefe Manuel dos Santos. o sub-chefe Rui Quaresma e o bombeiro de 1.ª João Videira receberam a Medalha Grau Ouro (vinte e cinco anos de assiduidade), a bombeira de 3.ª Paula Neves, a Medalha Grau Prata (dez anos de assiduidade) e os bombeiros de 3.ª Ruben Baetas, Rafael Soares e Tatiana Silva, a Medalha Grau Cobre (cinco anos de assiduidade).
O momento não deixou de ser marcado ainda por algumas promoções, com o estagiário João Lages a ser promovido a bombeiro de 3.ª, Pedro Simões a bombeiro de 1.ª, tendo ainda passado ao Quadro de Honra com o posto de chefe o sub-chefe João Paulo (emoção e lágrimas), e sido promovido a sub-chefe o bombeiro de 1.ª Mário Loureiro.
O presidente da assembleia geral, depois de saudar todos os convidados, bombeiros e amigos presentes, começou por referir que “prestemos, em primeiro lugar, uma homenagem a todos aqueles que nos antecederam e fizeram com que esta Associação, com maiores ou menores dificuldades, percorresse o caminho indispensável à continuação das nossas funções humanitárias, sociais, de socorro às pessoas, aos seus bens, ao seu património, que é todo o povo e uma Nação que constitui a segurança das pessoas, a prevenção e combate aos incêndios têm vindo a destruir de muitas vidas a floresta, o património das pessoas, sem que o Estado Central e as autarquias locais em articulação com as Associações de Bombeiros tomem as medidas de prevenção adequadas a evitar as sucessivas tragédias que se têm batido sobre o país”, pelo que “o Estado e as autarquias locais devem cumprir as suas obrigações, financiando, adequadamente, estas tão relevantes instituições de forma a que possam cumprir todas as suas obrigações, com zelo, dedicação e meios suficientes, para prevenir e combater os incêndios com segurança e eficácia e transportar os doentes com os meios adequados e uma assistência rápida e eficaz no que concerne aos ao transporte de doentes urgente e também aos não urgentes”.
“É o momento de assumirmos as nossas responsabilidades e procedermos à mudança que cabe a todos nós, sem excepção. Teremos que começar nós próprios, em todo o país, a aprender a não fechar prematuramente o nosso espírito a tudo aquilo que é novo, surpreendente e aparentemente radical, (…) fazendo dar início a um processo de reestruturação do sistema de funcionamento destas instituições”, disse Pedro Pereira Alves, acrescentando que “importa, por isso e acima de tudo, dar resposta à reconstituição dessas obsoletas estruturas organizativas”, afirmando ainda que “não podemos deixar de exigir que o Estado e as autarquias locais, as Associações Florestais, as Comunidades Locais de Baldios, as Juntas de Freguesia, os institutos do Estado e ICNF, as empresas florestais cumpram a sua obrigação de fazer uma planificação da floresta municipal e intermunicipal. (…) Aqui não pode haver divisões. Temos que trabalhar arduamente, nos meses mais apropriados, para que nas ocorrências de Verão ou tempos de temperaturas mais elevadas não entrarmos em pânico” e, depois de outras considerações e de palavras de apreço à direcção e ao comando, terminou por desejar “um bom Natal, um Ano Novo cheio de prosperidades e felicidade para toda a gente e oxalá que realmente vos deixem em paz e oxalá que a paz reine para sempre. Muito obrigado”.
Um obrigado deixado também pelo comandante do Corpo de Bombeiros em festa, Fernando Gonçalves, aos bombeiros “sem vocês não haveria respostas, não haveria socorro, não haveria bombeiros. Vocês são o coração desta casa”, considerando depois que “transportar ao peito uma medalha, trocar uma divisa por um galão, é carregar história, é carregar mérito, é carregar confiança”, sem deixar de “manifestar publicamente o meu orgulho na liderança” do presidente da direcção, Tiago Mateus, “sei que os objetivos traçados pela direcção marcarão o futuro desta Associação, pela sua disciplina, pela sua modernização e pela coragem de mudar o que muitos julgavam impossível”, para considerar depois que “a defesa dos bombeiros, a defesa dos meus bombeiros voluntários e dos meus bombeiros profissionais é um dever, não uma opção, (…) Governa-se conhecendo realidades, ouvindo quem intervém e sentindo a dor e o esforço de quem está na linha da frente”.
E foram muitos dos problemas que afectam os Bombeiros que foram referidos por Fernando Gonçalves, como a emergência pré-hospitalar, os contratos de transporte de doentes não urgentes, a criação e valorização da carreira do bombeiro “que é um modelo sólido de incentivo ao voluntariado. Sem isto não vai haver bombeiros voluntários. Sem isto não vamos sobreviver”, o reconhecimento ao voluntariado “é a espinha dorsal do sistema de protecção do socorro. Sem voluntários não há resposta, não há escala, não há continuidade. O país precisa de voluntários e os voluntários precisam, acima de tudo, de condições”, mas também “precisam de incentivos à formação, precisam de reconhecimento social, precisam de medidas laborais que os protejam de benefícios que tornem possível conciliar a vida pessoal com o trabalho, porque muitos destes bombeiros que aqui estão não são funcionários desta instituição”.
“Não podemos depender só da roda, das ambulâncias para sobreviver. O financiamento tem de garantir o socorro 24 horas por dia, 7 dias por semana, com meios activos, formados, pagos, equipados e preparados. Este é o alicerce”, salientou o comandante Fernando Gonçalves, referindo depois que “este deve ser o futuro. Esse tem de ser o primeiro passo, porque tudo o resto depende deste pequeno, grande passo. Nós estaremos sempre na linha da frente, mas o País precisa estar ao nosso lado” e terminando por dizer que “enquanto houver Arganil, haverá Bombeiros Voluntários Argus. Viva os Bombeiros de Arganil. Viva o voluntariado. Viva Portugal”.
O presidente da direcção, Tiago Mateus, e “em nome de uma equipa que assumiu comigo esta direcção” (que chamou para junto de si), não fazendo nenhum discurso “os oradores que me antecederam já me roubaram, salvo seja, as páginas todas”, deixou “ao Corpo Atcivo e a todos os nossos bombeiros, àqueles que já fizeram parte desta casa, o meu muito obrigado, (…) eu só peço que estejamos sempre lado a lado e de braço dado ou de mãos dadas para lutarmos pela nossa população e pela defesa desta casa”, deixando o apelo “a quem têm competências governamentais e não só, para tomar decisões, peço que tomem decisões e defendam os nossos homens e as nossas mulheres. Muito obrigado”.
O presidente da Federação de Bombeiros do Distrito de Coimbra começou por considerar que “celebramos a coragem de gerações de mulheres e homens que vestiram esta farda para servir. Sem esperar recompensa, apenas movidos pela força maior que é o dever de proteger vidas, bens e a natureza. Celebramos a história, mas também o futuro”, salientando que “os Bombeiros Voluntários de Arganil sempre se distinguiram pela sua capacidade, sua operacionalidade e pelo profundo respeito que conquistaram na comunidade”, recordando os fundadores e particularmente o saudoso comandante Eduardo Ventura “incontornável nesta Corporação, um homem de convicções firmes, líder nato, bombeiro de alma inteira”, e ainda o segundo comandante António Pinheiro que “era, acima de tudo, um homem bom, um homem exemplar, sempre disponível, sempre presente, sempre firme”, deixando a certeza que “a Federação de Bombeiros do Distrito de Coimbra continuará a trabalhar para reforçar as condições de trabalho, a qualificação dos seus bombeiros e a dignificação da sua missão. E estaremos sempre ao lado das Corporações, como esta de Arganil, que são pilares fundamentais da segurança e das populações”, terminando ainda com palavras de particular apreço e reconhecimento para o agora chefe do Quadro de Honra, João Paulo, para a antiga quarteleira Teresa Vinagre, aos Crachás de Ouro, condecorados e promovidos, “eu acho que não é um salário, é o reconhecimento de uma população, é um reconhecimento de um país pelo bom serviço que vocês prestam” e com “o meu respeito profundo e a minha total admiração pelos Bombeiros Voluntários Argus de Arganil”.
O representante da Liga de Bombeiros Portugueses, comandante Vítor Machado, depois de parabenizar todos os homenageados, deixou também os parabéns “pela resiliência e coragem a esta direção que tomou posse há quatro meses”, para salientar depois que “hoje, vimos aqui honrar o passado, honramos o presente, mas sempre com um objectivo no futuro. Parabéns a todos vós e que este 91 ano de história seja uma história das histórias do vosso Corpo Bombeiros”, não deixando ainda de se referir também aos problemas, já referidos, e que afectam os Bombeiros, “estamos a negociar nestas situações”, como e de entre outras, “a valorização dos Bombeiros, financiamento dos Corpos de Bombeiros, (…) porque os nossos homens e nós não podemos ser confundidos com outros que (…) são contra aquilo que mais é importante para nós, que é defender e proteger e socorrer a nossa população”.
O 2.º Comandante Sub-Regional da Protecção Civil, começou por salientar que “hoje celebramos 91 anos de vida. 91 anos de coragem, de entrega e de amor ao próximo. Não celebramos apenas longevidade uma instituição, celebramos um legado. Um legado feito de histórias, de rostos, de gestos, de solidariedade e de milhares de momentos em que a vida de alguém mudou porque um bombeiro de Arganil lá esteve”, terminando por “vos dizer uma palavra simples, carregada de significado. Obrigado. Obrigado pelo que fazem, obrigado pelo que são, obrigado pelo respeito que nutrem pelo Comando Sub Regional e obrigado por nunca, nunca desistirem” e por considerar que “celebrar 91 anos desta Associação Humanitária é celebrar valores, mas é também olhar para o futuro”.
O presidente da Câmara Municipal, Luís Paulo Costa, começou por dizer que “é grande satisfação, naturalmente, que estou neste momento na comemoração do 91.º aniversário desta muito relevante instituição, que tanto deu ao nosso concelho e à nossa região ao longo de toda esta vasta história”, para se referir depois a “algum tratamento, eu sei e reconheço titubeante por parte dos vários Governos relativamente àquilo que é o modelo certo ou o modelo adequado para o país, mas de facto, e isso eu reconheço e sei bem que está na altura de o Estado tomar uma decisão relativamente àquilo que pretende para os Bombeiros” e “àquilo que são as dificuldades com que os Bombeiros se defrontam para cumprir a sua missão, no fundo é disso que tratamos”, deixando a certeza que “cumprindo a Câmara aquilo que são as suas obrigações, indo, em alguns casos, além daquilo que são as suas obrigações formais, mas os Bombeiros sabem perfeitamente que podem continuar a contar connosco”, terminando por acentuar que “continuamos a honrar esta história de 91 anos desta importante e relevante instituição do nosso concelho, que neste percurso sempre soube estar à altura e dar a resposta às necessidades de todos nós, de todos os nossos concidadãos. Muito obrigado”.

