TÁBUA: Bombeiros Voluntários celebraram 90 anos ao serviço da comunidade

A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Tábua (AHBVT) comemorou os 90 anos da sua fundação. Durante a cerimónia evocativa, foram entregues medalhas de dedicação e assiduidade aos profissionais que completaram 20 anos ao serviço da comunidade, e galardões de agradecimento aos elementos do quadro ativo, de honra e aos órgãos sociais da instituição.

As comemorações tiveram início na manhã de domingo, com o hastear da bandeira, seguindo-se a receção dos representantes de diversas entidades e o tradicional desfile da corporação, com as respetivas viaturas, pelo centro da vila tabuense. A sessão solene arrancou pouco depois, já no interior do quartel, onde discursaram o presidente da Direção dos Bombeiros Voluntários de Tábua, Rui Andrade, o presidente da Assembleia Geral (AG), João Canotilho, o comandante Rui Leitão, o presidente da Federação de Bombeiros do Distrito de Coimbra (FBDC), Luís Sousa, o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, António Nunes, o presidente da Proteção Civil, José Manuel Moura, encerrando com as palavras do presidente da Câmara Municipal de Tábua, Ricardo Cruz.

“Décadas após décadas, mulheres e homens decidiram dedicar parte da sua vida para proteger a vida dos outros. E, por isso, esta efeméride (…) é um tributo à fibra humana, que ergueu e sustém um dos pilares mais nobres desta comunidade”, afirmou João Canotilho, ao iniciar os discursos de homenagem à AHBVT. Segundo o dirigente da AG, esta corporação tem demonstrado que “a coragem não é a ausência do medo”, mas sim “a capacidade de avançar” em prol da proteção da comunidade. O comandante Luís Sousa, em representação da FBDC, acrescentou que “nos momentos críticos esta corporação está sempre presente”, concluindo que a “confiança” da população tabuense foi “conquistada todos os dias com disciplina, rigor e espírito de sacrifício”.

O líder da Direção, Rui Andrade, mencionou que a Câmara Municipal de Tábua “tem sido um parceiro essencial” para o “fortalecimento da Associação”, anunciando que, no passado dia 12 de dezembro, “saldou o resto do valor da dívida” do município aos Bombeiros.  “Quando, em 2021, tomei posse como presidente, a dívida da Câmara à Associação era de 220 mil euros”, recordou. Quanto ao processo judicial que se encontra em curso “há sete anos”, contra “um antigo funcionário e tesoureiro” da AHBVT, Rui Andrade esclareceu que a Direção “está comprometida em recuperar os fundos que foram desviados” e a “garantir que os responsáveis sejam responsabilizados criminalmente”. De acordo com as suas alegações durante a sessão solene, a Associação foi “espoliada” num montante de “quase um milhão de euros”, assegurando que continua a “a acreditar e a confiar na justiça” portuguesa.

O comandante da AHBVT, Rui Leitão, dirigindo-se diretamente ao presidente da Câmara Municipal de Tábua, Ricardo Cruz, reiterou que os bombeiros “precisam com urgência da terceira Equipa de Intervenção Permanente (EIP)”. Embora tenha reconhecido que a autarquia seja “um parceiro imprescindível” destes profissionais, insistiu que este pedido “não é um luxo, não é um capricho, é uma necessidade real”. De acordo com o comandante, “o voluntariado está a mudar” e começam a surgir “falhas no recrutamento”, o que implica que as duas instituições tenham de “repensar este modelo com coragem, sem nostalgia e sem medo de mudar”.

Ricardo Cruz comprometeu-se a assegurar “50% do ordenado para a terceira EIP”, apelando diretamente ao presidente da Proteção Civil, José Manuel Moura, a que estabeleça uma parceria com o município para garantir o financiamento dos restantes 50%. “Vamos dividir aqui os 100% destas responsabilidades, não para 2025, mas fica já na sua agenda para 2026”, desafiou o autarca. No entanto, José Manuel Moura salientou que é necessário agir com “critério”, recordando que “o município tem quatro equipas de intervenção permanente, duas em Vila Nova da Oliveirinha e duas em Tábua”.

Ao longo da sessão solene, foi abordado o tema da divida do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) à Liga dos Bombeiros Portugueses, por parte do presidente desta instituição, António Nunes. “Vivemos (…) um momento extraordinariamente difícil de compreender. Porque é que o INEM deve 30 milhões de euros aos bombeiros? Aliás, à data de hoje, já serão 35 milhões”, rematou o dirigente. Na sua visão, os profissionais deste setor “ameaçam” que vão tomar “medidas muito duras”, mas “no momento em que toca o telefone” optam por “prestar o socorro necessário” à sociedade, admitindo que esta “fraqueza” é também sinónimo da “grandeza” dos bombeiros.

O vice-presidente da Câmara Municipal de Tábua, António Manuel Fonseca Oliveira, também teve direito a um crachá de agradecimento, entregue por Rui Leitão durante o seu discurso. O autarca tem um histórico ligado à AHBVT, tendo ocupado funções enquanto comandante. “Em nome da Associação, em meu nome pessoal e de toda a comunidade que servimos, obrigado”, concluiu o comandante Rui Leitão.

Na cerimónia esteve presente, entre outras individualidades civis e militares, a benemérita lousanense, crachá de ouro, Susana Redondo. As comemorações encerraram com a bênção de oito novas viaturas, por parte do padre André Sequeira, e o almoço de aniversário no Pavilhão Multiusos de Tábua.

*Estagiário