ARGANIL: SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE ARGANIL – OBRIGADO “Chico, Chicão, Francisco, François”

Para “memória futura, (…) as pessoas que entrarem neste Hospital e que não conheceram fisicamente o François, possam dizer, devia ser um bom homem”

Em 13 de Agosto e no dia em que comemorava os seus 74 anos, a Santa Casa da Misericórdia de Arganil quis recordar sentidamente o saudoso médico, dr. Francisco Costa, com o descerramento da sua foto, bata e um texto (que tão bem o retrata) na Unidade de Cuidados Continuados Integrados – Hospital Dr. Fernando Valle.

“Chico, Chicão, Francisco, não importava a forma, o tratamento era igual. De sorriso fácil, sempre bem disposto, não negava um cumprimento, não negava um receita, uma consulta, uma simples conversa.

O homem que veio do Brasil para Portugal sem dinheiro, que ao final do dia se aproximava dos supermercados para que lhe desse as sobras. O homem que comia o pão que encontrava, aquele que mais ninguém queria. O homem que fazia as solas dos seus próprios sapatos com cartão para não andar descalço.

Licenciado pela Universidade de Coimbra, exerceu Medicina por mais de 40 anos na vila de Arganil, sempre com o seu sorriso, a sua simplicidade, carinho e profissionalismo.

Médico da Santa Casa da Misericórdia de Arganil desde 2005, assumiu a direcção clínica da Unidade de Cuidados Continuados Integrados – Hospital Dr. Fernando Valle.

Há pessoas que nos deixam mas nunca partem. Pessoas para quem a vida foi muito mais do que a sua. Foi também a vida de todos aqueles que se cruzaram na sua jornada e que ele ajudou, impactou e melhorou.

Quando um grande ser humano parte, a dor que deixa é do tamanho da sua grandeza. E que grande dor nos deixa.

OBRIGADO”.

Era assim o dr. François, como era mais conhecido. E é assim que está escrito (e foi lido) no texto que, emoldurado, está junto à sua foto (com o sorriso que o caracterizava) e a sua bata e que foram descerrados nas paredes da Unidade de Cuidados Continuados Integrados – Hospital Dr. Fernando Valle, porque e como disse o provedor da Santa Casa da Misericórdia, António Carvalhais Costa, “a Misericórdia tinha de estar aqui e tinha que por aqui a memória futura para que, daqui a uns anos,  as pessoas que entrarem neste Hospital e que não conheceram fisicamente o François, possam dizer, devia ser um bom homem”.

“Fico feliz por ver perpetuar a sua memória nesta casa que ele ajudou a fundar e na qual tinha tanto orgulho”, disse a sua viúva Rosa Afonso, agradecendo à Santa Casa da Misericórdia por “esta singela homenagem ao meu marido, simples como ele era e gostava”, sem deixar de agradecer também “a deferência, o respeito e o carinho com que sempre o trataram ao longo destes anos e que era por ele reconhecido, (…) a começar pela cozinheira e restantes funcionários”, por todos os profissionais de saúde “eram família”, terminando por referir o “privilégio de poder partilhar 32 anos da minha vida a seu lado, foi sempre um bom marido, um excelente pai, um bom amigo e um ser humano fantástico para toda a gente com quem se cruzou ao longo da vida”.

 Emocionado, o filho Bruno Costa não deixou também de exaltar as qualidades do pai, “de um coração enorme o meu pai não negava auxílio a esta instituição, (…) nesta casa nunca alguém se sentiu desamparado. (…) Hoje é o dia do seu aniversário, que gostava de celebrar a lado daqueles que mais gostava, filhos, mulher, neta, amigos, a lado daqueles que gostavam dele e com ele criavam laços”.

E depois de recordar a vida do pai que há 50 anos “chegou sem nada à procura do sonho” e da referência que foi “na maneira de lidar com as pessoas, no carinho, na preocupação para com o outro. Tenho a sorte de ter um pai com o coração do tamanho do Mundo”, Bruno Costa deixou também os agradecimentos à Santa Casa da Misericórdia “pela forma digna como sempre o trataram” e por “esta sentida homenagem que hoje lhe proporcionaram. Estará certamente contente de festejar o seu 74.º aniversário nesta casa, junto daqueles de quem gostava. (…) Pai, temos todos saudades tuas”.

Em representação do presidente da Câmara Municipal, a vice-presidente Paula Dinis, disse ser “com orgulho, com satisfação que nos associamos a este momento” e por “agradecer à Santa Casa da Misericórdia e ao seu provedor por esta iniciativa, festejar desta forma o aniversário do dr. François é uma honra também. O sorriso dele acho que diz tudo, (…) sempre uma pessoa bem disposta e sempre disponível para os outros”, terminando por recordar “o dr. François o excelente médico que foi ao longo destes 40 anos. (…) Sentimos todos o carinho e a amizade que fazia por onde passava”. 

O provedor da Santa Casa da Misericórdia disse também que “lidei com este homem, generoso, muito generoso”, recordou o “a carinho com que lidava com os utentes (da Misericórdia), com os velhinhos”, a sua “humildade a simplicidade, um ser humano bom, amigo, amigo de todos. E hoje estamos aqui a testemunhar uma coisa que é tão bela, o testemunho e o amor da família. Hoje parece que andamos todos zangados uns com os outros, de costas voltadas e o François dava-nos o exemplo contrário, sempre bem disposto e sempre com aquele sorriso. Era o François”.

Um magnífico momento musical (proporcionado por Carina Ferreira, no seu violino) a enriquecer ainda mais esta homenagem, que terminou com os parabéns e sentidas palmas em memória do dr. Francisco Costa.