Uma aldeia do concelho de Góis, no distrito de Coimbra, que esteve vários anos abandonada, está a renascer como comunidade ecológica no âmbito de um projecto turístico cujo investimento privado ronda um milhão de euros.
O empreendimento assenta na recuperação e adaptação das casas do Loural, uma pequena povoação onde viveram cerca de 15 famílias, no território da União de Freguesias de Cadafaz e Colmeal, entre as serras do Açor e da Lousã.
O promotor é o português Francisco Nunes Castanheira, casado com uma cidadã holandesa e radicado em Haia, que comprou todas as propriedades urbanas e rústicas da povoação, incluindo uma área florestal, que totalizam 30 hectares.
O projecto prevê a instalação de “habitantes permanentes” que promoverão a produção florestal e agro-pecuária “de uma forma sustentável”, explicou Cláudia Passos, gerente do Loural Village, à Agência Lusa.
Os primeiros residentes são a própria Cláudia Passos, ex-professora do ensino básico, o marido e os filhos do casal, uma menina e um menino, de três e sete anos, respectivamente, que participam nas tarefas diárias da família e não frequentam qualquer estabelecimento de ensino. Ambos aprendem a ler e escrever em casa, com os pais. Só o rapaz tem aulas de natação e música, em Arganil.
Segundo a gerente, “foram recuperadas cinco casas” no Loural, para alojamento de férias, estando prevista para breve a reabilitação de mais habitações, além de currais e palheiros.
Os terrenos de cultivo totalizam sete hectares, onde aqueles moradores encetaram já produções para consumo familiar.
As receitas do alojamento a turistas “terão uma importância económica” para a viabilidade do Loural Village, enquanto “aposta auto-suficiente e sustentável”, que passa pela valorização da floresta autóctone e das energias alternativas.
Um moinho de água, que outrora produziu farinha, vai ser adaptado para obtenção de energia eléctrica, enquanto um forno será restaurado para voltar a cozer broa ou confeccionar diferentes iguarias.
O complexo turístico dispõe ainda de piscina, sala de reuniões e uma pequena biblioteca, referiu Cláudia Passos.
Neste momento, dois voluntários – um francês e um norte-americano – estão a trabalhar na comunidade, ao abrigo de um programa internacional na área da agricultura biológica. As infra-estruturas públicas, como arruamentos, saneamento e abastecimento de água, foram realizadas pela Câmara Municipal de Góis, que gastou 253 mil euros, com financiamento europeu através dos programas Mais Centro e PRODER.
Por seu turno, a empresa Banema, que aplica “madeiras exclusivas” no Loural Village, salientou que este é “um projecto turístico 100% sustentável”. Estas madeiras “salientam o aspecto rústico das casas e fazem com que haja uma harmonia da construção com a natureza, o que contribui para alcançar o objectivo de criação de um espaço para meditação”, disse o administrador Joaquim Neves.
O Loural Village “vem suprir uma grande lacuna” ao nível do alojamento turístico e promover “uma dinâmica completamente diferente” num concelho flagelado pela desertificação, disse à Lusa a presidente da autarquia, Lurdes Castanheira. “Trata-se da primeira unidade vocacionada para o turismo a surgir naquele território” de Cadafaz e Colmeal, acentuou a autarca do PS.
FONTE: Port.Com (Revista de Portugal e das Comunidades)