NOTA DA SEMANA: “Obrigado Mãe”, mas não podemos exprimir a nossa opinião!

Por altura da final da Taça de Portugal, que assistiu à dobradinha do Sporting Clube de Portugal, o País ficou a conhecer um vídeo intitulado de “Obrigado Mãe”, e por meio desse era ilustrado o percurso de uma jovem a caminho, hipoteticamente, da realização de um aborto.

Esse vídeo, de pouco mais de 3 minutos, passou em vários órgãos de comunicação social, promovendo, aparentemente, uma ideia e não um produto.

Ainda pensei que tudo se restringiria a um videoclip de promoção de uma música e de um cantor, neste caso uma cantora, cuja música em si nem sequer corresponde aos meus gostos pessoais e seguramente não corresponderá ao de tantos outros portugueses.

Na minha ignorância, pouco valorizei o conteúdo musical, embora me tenha chamado a atenção a mensagem inserta nas imagens que compõem o vídeo em causa.

Volvidos uns dias, e face à intensa mobilização de tudo que é associação patrocinada politicamente pela chamada corrente de esquerda “progressista”, que de progressista pouco ou nada tem, percebi que o promotor do referido vídeo, afinal tinha atentado contra o direito das Mulheres!

Logo de seguida foi tornado público que a Entidade Reguladora da Comunicação (ERC) tinha aberto um procedimento de averiguações, face às queixas ou reclamações efetuadas junto da mesma, designadamente por uma Associação.

O responsável, ou promotor, da divulgação do referido vídeo junto de vários canais televisivos terá sido um senhor chamado de Miguel Milhão, por sinal um empresário de sucesso que exporta 85% dos seus produtos para os mercados externos, designadamente suplementos alimentares desportivos, fazendo assim jus ao nome que ostenta.

Dei-me ao trabalho de tentar saber quem era este cidadão que tanta polémica suscita junto de alguns setores da Sociedade nacional, percebendo que Miguel Milhão, pela sua anunciada curta “biografia”, pois apenas terá nascido em 1983, para além de empresário de sucesso, foi um verdadeiro candidato a ser alvo de um aborto.

Ou seja, Miguel Milhão é filho, à data, de uma jovem mãe de apenas 19 anos, solteira e integrada numa comunidade conservadora como ainda é a cidade de Braga, e apenas alguns anos mais tarde, já depois do seu nascimento, veio a conhecer o seu pai, após este casar com a sua mãe.

Talvez por esta marca estar presente na vida do empresário, a questão da temática do aborto parece estar no seu pensamento, percebendo-se que o vídeo “Obrigado Mãe” possa também servir para agradecer, em primeiro lugar, à coragem da sua progenitora que optou por manter a sua gravidez até ao fim.

Contudo, e sentindo que a temática do Aborto é algo de tão sensível e porventura traumático para qualquer Mulher, não me atrevo a julgar seja quem for que a ele recorra, concordando, ou não concordando, com os contextos que levam até esse desfecho.

Entendo de igual modo, que o tema estará relativamente consensualizado no seio da Sociedade Portuguesa que se pronunciou em referendo sobre este assunto, definindo claramente os limites em que esta modalidade da Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG) poderá ocorrer!

Contrariamente ao que alguns políticos pretendem fazer, e que vivem daquelas “miudezas” das agendas mediáticas, ao virem falar que os prazos para o aborto são demasiado curtos e que não faz consciência a figura de “objetor de consciência” junto dos profissionais de saúde!

Ou seja, existem alguns políticos que ambicionam e desejam alargar o prazo para a realização do aborto, esquecendo o dilema entre ponderar o direito ao corpo e o direito à vida.

No entanto, grave não foi a divulgação do vídeo intitulado de “Obrigado Mãe” como alguns querem fazer crer, que aliás foi pago com dinheiro privado e não com o dinheiro dos contribuintes, contrariamente a muitas campanhas que por aí vão proliferando que pretendem instalar uma certa visão de vida em Sociedade que é tudo menos consensual, e essas sim pagas com o dinheiro público.

O que é realmente revoltante foi o facto de algumas Associações, e alguns cidadãos claramente “militantes” de uma certa extrema-esquerda, pretenderem calar quem pensa de forma diferente e quem tem recursos para assumir esse pensamento sem depender da subsidiodependência do sempre presente Estado.

Se porventura o empresário em causa tivesse feito um vídeo promocional da proteção dos animais, ou da promoção do vegetarismo, ou dos direitos das minorias LGBT+, estou seguro que ninguém se levantaria contra essa posição.

Sucedeu porém, que o cidadão em causa pagou, patrocinou e promoveu, um vídeo que, aparentemente, se posiciona contra o Aborto, o que desde logo não agradou aos tradicionais arautos defensores da “Democracia”!

Mas a Democracia não pertence a esses “arautos”, pertence sim a todos nós, e faz-se com a diversidade de opiniões e de ideias, razão pela qual a liberdade de expressão não se restringe apenas a quem pensa de uma certa forma, ela destina-se também a todos os quem pensam de forma diferente….não podemos esquecer isto.