NOTA DA SEMANA: Um mundo ao contrário, mas será mesmo assim?

Não há dia da semana em que não sejamos envolvidos por esta nuvem noticiosa de que tudo está do avesso no mundo. O panorama jornalístico insere-nos num contexto marcado pela instabilidade e insegurança dos tempos, onde a loucura é anunciada como tendo tomado nas mãos o destino do planeta.

O que era seguro algum tempo atrás parece já não o ser, o que era uma certeza na mente da generalidade das pessoas passou a incerteza e o futuro da humanidade, repentinamente, passou a não ser nada risonho.

Esta nova mensagem vai entrando nas nossas consciências, subliminarmente vai-nos condicionando e ajustando os nossos pensamentos para o confronto que se desenha no horizonte.

Um confronto que será de ideias, de valores e conceções da vida em Sociedade e, por último, será um confronto de civilizações com armas em punho.

Este é o discurso dos últimos meses e esta é a mensagem que vem sendo interiorizada nos públicos ocidentais, onde é mais fácil desenhar um inimigo que desconsidere os valores da democracia do que aceitar que a democracia vem sendo morta, lentamente, pelo seu interior.

E a principal causa do definhamento das sociedades democráticos e dos seus valores advém do facto de que valorizamos muito mais os libertários e a libertinagem, do que a liberdade em si.

A nossa moral europeísta, marcadamente definida pela superioridade com que se coloca perante todas as outras culturas e povos, impede-nos de ver e percecionar que o mundo não mudou, fomos apenas nós que mudámos!

Na realidade, a Europa, e especialmente os Estados Nação que ainda resistem neste aglomerado de países cuja unidade apenas radica no interesse económico, esqueceram as lições da História, ou melhor, esqueceram as suas raízes históricas.

As grandes potências europeias, como a Alemanha e a França, olham para os próximos tempos e encaram-nos como o tempo de recuperarem a sua predominância no velho continente.

Esses países, conjuntamente com mais alguns outros do norte da Europa, arrependeram-se de terem promovido a “bazuca” europeia, como nós portugueses apelidámos, “bacocamente”, o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

E, desalmadamente, desejam que a indisciplina e desorganização dos latinos e dos lusitanos permitam o retorno desses milhares de milhões de euros tão sofregamente desejados pela indústrias militares alemã e francesa.

Se nós não esquecêssemos a história dos impérios, rapidamente perceberíamos que eles sempre existiram, tendo apenas passado de uma dimensão militar para uma dimensão económica, sabendo-se ainda que os que mais tempo perduraram, e perduram, foram aqueles que olhando para a economia, não deixaram de alimentar a máquina militar.

Mas será que o mundo está realmente do avesso?

Infelizmente não, o mundo não está nem do avesso nem ao contrário, este sempre foi o nosso mundo e é apenas este que possuímos.

A história da humanidade e dos seus povos é feita de ciclos, que culminam num regresso ao princípio e, no presente momento, estamos a regressar ao seu início.

Os conflitos mundiais tiveram, e têm, uma existência secular, ocorrendo de tempos a tempos as ruturas que, pela impetuosidade destas, serão, continuamente, inevitáveis e sempre regeneradoras.

Não querendo, nem desejando, ser maçador recordemos apenas as duas últimas grandes guerras, identifiquem-se as suas causas, localizem-se os epicentros e tirem-se as devidas conclusões.

A primeira Grande Guerra foi espoletada com um assassinato na Sérvia (peguemos no mapa e localizemos a Sérvia), e a segunda Grande Guerra envolveu que potências?

Em ambos os conflitos, se não diretamente, pelo menos indiretamente, estiveram envolvidos: Alemanha, França, Reino Unido, Rússia, Estados Unidos da América, Japão e China.

Obviamente outros países estiveram presentes, mas os que referi foram essenciais para o desfecho desses conflitos bélicos que tiveram, também, uma componente económica e conceptual do modelo de vida em Sociedade, originado e resultando em enormes repercussões que até hoje se mantêm.

Mesmo para aqueles que não vislumbram no imediato qual o papel da China nas duas grandes guerras mundiais, importa rever muitos dos episódios que as antecederam e durante as mesmas, envolvendo a Rússia, o Japão e os Estados Unidos da América no Pacifico e no País da grande muralha.

Termino reiterando: o mundo não mudou, nós é que mudámos, pois esquecemos, como é típico do Ser Humano, as lições do passado e a razão de ser da HISTÓRIA.