Assumindo liderar um “projecto de continuidade com novas ambições”, o novel presidente da Câmara Municipal considera os empresários oliveirenses “heróis que se souberam reinventar” e resistir aos constrangimentos do atraso de 30 anos na execução/finalização do IC6, cujo processo, diz, tem que ser “sério”.
Sustentando que Oliveira do Hospital “é uma terra de oportunidades”, José Francisco Rolo salienta que a situação financeira “confortável, estável” deixada pelo anterior Executivo (…) «permite-nos, com responsabilidade, ter confiança no futuro para desenvolver novos projectos, para desenvolver novas ambições, para criar mais oportunidades para quem cá vive, para quem cá estuda, para quem cá quer investir».
A COMARCA DE ARGANIL (CA): Foi vice-presidente do anterior Executivo. O que é que vai mudar?
JOSÉ FRANCISCO ROLO (JFR): Partimos para estas eleições assumindo um projecto de continuidade – até porque há um conjunto de investimentos em curso – mas, também, temos novas ambições, estre as quais a revitalização das aldeias; da regeneração do centro histórico – com a criação de novos atractivos: revitalizar, reabitar… mas tem concluir a ampliação da Zona Industrial de Oliveira do Hospital – um projecto de ambição – com a fixação de novas empresas, de novos investimentos que criem postos de trabalho e que reforcem a componente industrial no concelho.
O PRR (Plano de Recuperação e Resiliência) é muito alinhado pela reindustrialização do País, e Oliveira do Hospital sempre foi industrial – manteve sempre ao longo das décadas essa “tradição” industrial -, mas, portanto, neste caso, em Oliveira do Hospital, não há que reindustrializar, há é que atrair novas indústrias de nova geração que abram novas oportunidades – seja no domínio do emprego, seja em novos produtos e em novas oportunidades de negócio. Ou seja, com estes três exemplos, dei aquilo que era a matriz do nosso projecto político sufragado por maioria absoluta dos oliveirenses.
Repito: um projecto de continuidade mas, também um projecto com novas ambições alinhadas pelos novos tempos: dos novos instrumentos financeiros (PRR | Portugal 20 30 | Programa de Revitalização do Pinhal Interior) que abrem janelas de oportunidade para concelhos como o nosso.
Este é, também, o tempo do desafio demográfico – de regenerar a população (aumento do número de residentes) e assim reverter a regressão demográfica; aumentar a natalidade e combater o envelhecimento da população, e isso faz-se com a fixação da população.
E quais são os novos tempos? Por exemplo: reforçar a centralidade de Oliveira do Hospital e da Região de Coimbra em termos de Ensino Superior. Hoje, felizmente, a região da Beira Serra dispõe de Ensino Superior Politécnico – Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTGOH) – que é o posto avançado do Instituto Politécnico de Coimbra no interior do distrito e neste interior de Portugal.
A ESTGOH está a celebrar 20 anos, e o nosso projecto é continuar a apoiar o funcionamento, as actividades e o crescimento da Escola, ou seja, a nova ambição é dotá-la de novas instalações que a projectem para um horizonte na ordem dos mil alunos.
Em conclusão, estamos aqui com um sentido de responsabilidade perante o legado de desenvolvimento, o legado de solidariedade que herdámos de um Executivo liderado pelo professor José Carlos Alexandrino, e temos a confiança e a disponibilidade intelectual e física para irmos à luta, para no quadro do novo financiamento do País – fundos comunitários – conseguirmos novas realizações em Oliveira do Hospital: seja no domínio da Educação (mais um exemplo de continuidade) concluir o “Campus” educativo. A ambição: criar uma nova oferta educativa no concelho, transformando o Município num exemplo de educação de excelência, juntando o Ensino Superior, o Ensino Politécnico, o Ensino Profissional no Ensino Secundário, para em conjunto com o sector empresarial proporcionar as tais novas ambições aos cidadãos. Por um lado, criar um centro de especialização territorial na área do têxtil (o sector procura gente qualificada).
Já percebemos que na era da tecnologia e da informação é importante a educação e formação ao longo da vida, e um Município como o nosso que proporciona aos seus cidadãos Educação – desde o pré-escolar até ao Ensino Superior (ao nível de Mestrado) tem que trabalhar em conjunto com estas instituições para preparar os cidadãos para os desafios das mutações em termos laborais mas, simultaneamente, preparar os mais novos para outras capacidades, para outros níveis de empreendedorismo e de criação do próprio emprego… e aqui surge uma nova ambição que passa por criar uma estrutura de apoio técnico para aqueles que saem do ensino ou para os que são empreendedores e querem criar um novo negócio, para que toda esta força criativa, com o apoio e a retaguarda do Município se concretizem estas novas oportunidades de investimento.
Isto é: com responsabilidade pela herança positiva e pelo legado de desenvolvimento que recebemos, com confiança, abraçar os novos desafios para fazer avançar Oliveira do Hospital para níveis de desenvolvimento e de coesão social e de bem-estar que todos nós desejamos.
CA: Portanto, o desenvolvimento económico e empresarial passa por aí?
JFR: É também por aí, mas o desenvolvimento económico e empresarial tem que ser materializado de forma muito objectiva.
A continuidade: queremos concluir o projecto de ampliação da zona industrial (ZI) de Oliveira do Hospital; queremos criar uma área de actividades empresariais de última geração. Temos o projecto aprovado, temos neste momento um projecto candidato ao PRR para melhorar o nível energético da ZI, através da criação de um parque fotovoltaico, que permitirá uma redução da factura energética; vamos apostar no hidrogénio (ponto de carregamento).
Objectivamente queremos concretizar o projecto de ampliação da ZI de Oliveira do Hospital e estamos a implementar a execução do projecto de implementação e distribuição do gás natural – a partir da ZI – para as empresas e para a cidade; e queremos concretizar os investimentos que estão previstos para o Pólo Industrial da Cordinha.
A nova ambição: queremos criar uma nova área de localização empresarial na zona de Nogueira do Cravo. É um objectivo que temos e que nos quer nortear…
Oliveira do Hospital e a capacidade empreendedora dos seus empresários: aqueles que têm vindo até nós, os investimentos que têm chegado, seja no domínio industrial, seja no domínio dos serviços, seja no domínio do comércio, seja no domínio do Turismo, obrigam a que desenhemos/projectemos com ambição.
Trata-se de valorizar aquilo que é uma tradição e uma força de Oliveira do Hospital que é o seu forte pendor industrial, desde sempre.
Mas falta intensificar um aspecto-chave: o Município amigo do investidor, ou seja, o simplificar, criar a figura do gestor do investimento, isto é, perceber que cada investidor quando entra na Câmara Municipal tem uma reunião a nível político mas, depois, tem alguém que acompanha o seu investimento no ciclo de apreciação nos serviços técnicos e no ciclo de candidatura de incentivos para a realização do investimento. Ou seja, demonstrar junto do investidor que temos uma matriz “amiga do investidor” através de um modelo simplificado de acompanhamento do investidor.
E no âmbito do Quadro Comunitário de Apoio temos várias oportunidades: falamos do PRR, do Programa de Revitalização do Pinhal Interior, daquilo que falta concluir e executar do Portugal 20/30.
Há aqui um trabalho conjunto de ambição e de responsabilidade, mas também de confiança para transformarmos Oliveira do Hospital num território amigo do investimento privado, amigo do investimento produtivo e um território amigo do investimento gerador de postos de trabalho.
CA: Estes são exemplos que alavancam a fixação de investidores e, por consequência, de mão-de-obra…
JFR: Fixar pessoas, gerar oportunidades de emprego, criar riqueza, criar bem-estar e ocupar o território.
Dissemos no acto de posse que Oliveira do Hospital tem condições de criar círculos de diálogo territorial com a Região de Coimbra mas também com a Região da Serra da Estrela, com o Pinhal Interior e também com a Região do Dão.
Oliveira está numa região de transição e pode perfeitamente funcionar como charneira, um ponto de ligação de vários territórios…
Oliveira do Hospital assume-se como espaço de oportunidades, e só serão reforçadas quanto mais investimento conseguirmos atrair… e investimento não é só aquele que vem de fora, é também aquele que nasce da comunidade, dos nossos empresários, que todas as semanas nos fazem chegar intenções de investimento e que precisam de condições para materializar esse investimento.
Repito: Oliveira do Hospital assume-se como Município amigo do investidor e amigo do empresário, e todo aquele que trouxer um projecto esboçado, tem que ter nesta casa “Câmara de Porta Aberta” um espaço de acolhimento e de apoio técnico.
Este território, com estas várias centralidades, tem que fazer parte daquele território do País que demonstra ao Portugal capital e ao Portugal litoral, que há vida no interior do País e que é possível fazer investimento produtivo, que há Ensino de qualidade, que é possível ter cuidados de Saúde de qualidade e próximo das pessoas no interior do País… e isso são lutas sucessivas para demonstrar que em territórios como o de Oliveira do Hospital é possível combater esse grande problema nacional que são as assimetrias territoriais e as assimetrias de desenvolvimento.
Queremos demonstrar que é possível criar eixos de desenvolvimento sustentáveis, com emprego, com bem-estar e com qualidade de vida, fixando pessoas, mas para isso também são precisas infra-estruturas fundamentais: precisamos aqui de duas “auto-estradas”: uma auto-estrada de informação – é importante reforçar a infra-estrutura tecnológica (fibra óptica e com mais velocidade de dados), e temos a outra que é só o IC6, que precisa de ser concretizado no ciclo entre 4 a 5 anos.
CA: Este é um processo que se arrasta há demasiado tempo…
JFR: O IC6 tem que ser um processo de seriedade…
CA: Não tem sido até agora?
JFR: O IC6 vem com um atraso de 30 anos. Sucessivos Governos tinham obrigação para com Oliveira do Hospital e esta região de o ter concretizado na sua integral ligação.
O IC6 está onde está, feito por quem é sabido… portanto, assunto encerrado. Agora, outra coisa é concluir aquilo que falta.
Há uma resolução do Conselho de Ministros em que aponta para a conclusão do Itinerário Complementar até 2025/2026. Foi recentemente efectuado um leilão do 5G para a obtenção de recursos financeiros para financiar a obra.
A nossa expectativa, com seriedade, é que esse projecto vai ser concretizado… foi aquilo que nos foi referido. Sobre essa matéria dizer que, estamos em condições de a breve trecho, estar concluído o Projecto de Execução. A partir daí é lançar-se o concurso público e executar-se a obra.
Tenho dito e tenho conversado com os meus colegas de Tábua e de Seia, que deveremos trabalhar em conjunto, vigilantes, a acompanhar o processo do lançamento do concurso para a construção e o avanço da obra.
Esta matéria tem que ser acompanhada, e seremos claramente liderantes e cooperantes em termos regionais: esta é uma obra que interessa a Oliveira do Hospital, a Tábua e a Seia.
O Ministro Pedro Nuno Santos assumiu aqui (em Oliveira do Hospital) que esperava inaugurar o IC6. Nós também alinhamos pelo mesmo diapasão, seja ele Ministro ou não, também queremos estar no processo de conclusão da obra, que, como disse, vem com 30 anos de atraso, e depois de já se terem construído auto-estradas e IP’s, IC’s, um pouco por todo o País, e esta zona ficou esquecida.
Esperamos há 30 anos, e este é o tempo de ele ser concretizado… e não pode haver qualquer retrocesso, tanto mais que sabemos da importância que o IC6 se ligue à A25 e a Espanha. Somos um território com empresas exportadoras que contribuem para o PIB Nacional.
CA: Este atraso tem, por isso, sido penalizador para o desenvolvimento?
JFR: Tenho a certeza que o facto de não se ter concretizado o IC6 nos últimos 30 anos, fez com que se tivessem perdido oportunidades, mas também obrigou os empresários (particularmente os de Oliveira do Hospital) a muito engenho e muita arte. Foram claramente adaptativos e resistentes. Ao longo de todos estes anos competiram com uma estrada, competiram com outros territórios, competiram com outras empresas, tendo uma estrada do tempo da Monarquia… e isso diz tudo.
Os nossos empresários são uns heróis, e bom que se diga que, apesar de tudo, se Oliveira do Hospital ainda tem um nível de industrialização (em termos de população ocupada no sector industrial, em termos médios, estamos superiores à média da população empregada a nível nacional) a eles se deve.
CA: Reinventaram-se?
JFR: Claro que sim, reinventaram as suas capacidades e adaptaram-se em circunstâncias difíceis e conseguiram resistir de forma heróica a 30 anos de atraso de uma infra-estrutura que é fundamental.
CA: Concretizados estes tópicos, Oliveira do Hospital tem futuro?
JFR: Oliveira do Hospital não é um concelho de penas… aqui ninguém cumpre pena!
Em Oliveira do Hospital tem-se ambição e tem-se confiança… e há um sentido generalizado de responsabilidade por puxar por uma terra que é uma terra de oportunidades… para quem cá quer estudar, para quem quer investir, para quem cá vive, é uma terra de oportunidades para captar a sua diáspora, é uma terra de oportunidades para captar cidadãos que vêm de outras paragens do mundo (existem 2.000 cidadãos da UE a viver aqui) que investem na área do Turismo, do Comércio, na pequena Agricultura, no Artesanato, qua aqui vivem, que aqui consomem, que aqui produzem.
Oliveira do Hospital é terra de oportunidades e nós queremos assumi-la enquanto terra de oportunidades.
CA: E há bases para isso?
JFR: Eu diria que sim… Oliveira do Hospital é uma terra de oportunidades e é uma terra para crescer.
Felizmente o Executivo do professor José Carlos Alexandrino deixou-nos uma situação financeira confortável, estável, que nos dá balanço para os próximos desafios… e isto é importante. Herdámos uma Câmara financeiramente sustentável, e isso permite-nos, com responsabilidade, ter confiança no futuro para desenvolver novos projectos, para desenvolver novas ambições, para criar mais oportunidades para quem cá vive, para quem cá estuda, para quem cá quer investir.
Dar bem-estar e qualidade de vida aos cidadãos… tornar o concelho num concelho participativo, vivo e dinâmico.
Ter boa condição financeira implica ter disponibilidade para que esta câmara possa apoiar o associativismo, a actividade desportiva, cultivando estilos de vida saudáveis. Permite-nos apoiar a actividade recreativa e cultural…
O conjunto dá um concelho dinâmico, que tem oferta criativa, que tem oferta cultural… é assumir Oliveira do Hospital como um espaço de criatividade, como um espaço de vitalidade. Oliveira do Hospital tendo Ensino Superior tem que se assumir como “Cidade Académica”, como cidade criativa, uma cidade dinâmica, uma cidade onde ocorre “um novo”.
A título adicional, referir que Oliveira do Hospital recebe por ano 300 novos residentes, estudantes que vêm para a ESTGOH, e por isso são parte da riqueza e da dinâmica, o que nos obriga a trabalhar com o IPC (Instituto Politécnico de Coimbra) para as novas instalações da Escola Superior.
Tudo isto porque há uma visão de progresso, de desenvolvimento, de subir a fasquia dos níveis de desenvolvimento de Oliveira do Hospital.
Um concelho e uma cidade com aldeias cuidadas, com aldeias revitalizadas, reabilitar as nossas aldeias e valorizá-las enquanto espaços turísticos e em espaços de bem-estar, mas também em espaços residenciais para as pessoas voltarem a ter gosto e orgulho desde que haja boas condições para lá viverem.
A título de exemplo: há 15 anos atrás ninguém imaginaria um espaço de trabalho partilhado em Alvôco das Várzeas, mas foi criado um espaço de “Coworking” que está a funcionar.
Mas também queremos uma cidade competitiva e agradável… temos um “pulmão verde” (Parque do Mandanelho) e vamos ter um segundo no Parque dos Marmelos, que vão puxar a cidade para um novo conceito de “Cidade Verde” amiga do Ambiente e amiga do cidadão.
Estamos a recuperar o centro histórico e queremos revitalizá-lo com um circuito que o ligará aos dois parques e ao novo “campus” educativo e daqui ao Zona Industrial.
Estamos a tecer cidade, estamos a criar cidade e estamos a criar novas centralidades e a pôr as pessoas a circular.
Com isto dizer que quem tem estas obras em marcha, quem tem estes projectos em andamento, só pode olhar com confiança mas também com determinação e com entusiasmo para os desafios de Oliveira do Hospital para estes próximos 4 anos, mas também num horizonte mais vasto… que é – e nós vamos demonstrá-lo – possível transformar Oliveira do Hospital numa “âncora” de desenvolvimento e de fixação de pessoas, de criação de riqueza, de produtividade e de oportunidades para todos no interior de Portugal.
Queremos uma cidade e um concelho onde as pessoas se sintam bem, onde haja cidade valorizada sem desvalorizar as freguesias, sendo disso exemplo a relação que o anterior Executivo teve, que este tem e continuará a ter com as freguesias: um modelo de relação próxima, cooperativa – com gabinete de apoio técnico às freguesias – e com descentralização de competências para as Juntas de Freguesia.
Queremos valorizar as nossas freguesias, queremos torna-las espaços aprazíveis, acolhedoras.
Pensamos o concelho de Oliveira do Hospital como um todo, que precisa de ser valorizado, gerando coesão territorial, unindo a Câmara às Freguesias, às colectividades e, acima de tudo, ao sector empresarial.
Todos, em conjunto, conseguiremos elevar Oliveira do Hospital para um patamar de qualidade de vida que todos ambicionamos.