VILA NOVA DO CEIRA (GÓIS): 19.º aniversário da abertura do Lar de Idosos da Misericórdia de Góis

Momento do descerramento da placa de inauguração do novo pavimento do refeitório e da sala de estar do Lar

No passado dia 14 de Outubro, foi comemorado o 19.º aniversário da abertura do Lar de Idosos da Santa Casa da Misericórdia de Góis, em Vila Nova do Ceira, que ficou marcado pelas homenagens a duas colaboradoras, Cidália Jorge (encarregada de sector), com a entrega de uma salva pelos 25 anos de serviço, e Sandra Gonçalves (técnica de apoio à gestão), com uma placa de reconhecimento e gratidão “pelos excelentes serviços prestados, dedicação, empenho e profissionalismo ao longo destes anos” e ainda pela inauguração do novo pavimento do refeitório e da sala de estar do Lar, uma obra concretizada neste mandato (2021-2024), que contou com o apoio do Município de Góis, e que segundo o provedor da Misericórdia, José Serra, permitiu “proporcionar mais segurança e conforto para todos”.

Outro momento marcante (e importante) do aniversário foi a celebração da Eucaristia, pelo pároco, padre Orlando Henriques, e pelo cónego Manuel Martins, o descerramento de uma placa comemorativa e na qual consta a composição dos corpos sociais da instituição neste quadriénio, seguida da sessão comemorativa com a presença do presidente da Câmara Municipal, Rui Sampaio, do vice-presidente, Nuno Bandeira, presidente da Junta de Freguesia, António Machado, presidente do Secretariado Regional de Coimbra da União das Misericórdias Portuguesas, António Sérgio Martins, representantes das várias Misericórdias do distrito, de IPSS’s, das autarquias e demais entidades locais entre outros convidados e utentes da instituição.

O provedor da Santa Casa da Misericórdia de Góis, José Serra, agradeceu a presença de todos nesta comemoração, simbólica, dos 19 anos da abertura do Lar em Vila Nova do Ceira (”o legado do dr. José Cabaças que está a ser cumprido”, como referiu, na mensagem que enviou, a presidente da assembleia geral, dr.ª Maria de Lurdes Castanheira), agradecendo depois e de entre outros, às colaboradoras que, em reunião da mesa administrativas e sob propostas do provedor, aprovadas por unanimidade, foram homenageadas pelos 25 anos de dedicação à instituição.

José Serra deixou também um especial agradecimento ao Secretariado Regional de Coimbra da União das Misericórdias, à Câmara Municipal e ao seu presidente  pela colaboração e apoio na colocação do novo piso, “o edifício tinha um chão em que os idosos tinham grande dificuldade de andar com as cadeiras de rodas”, salientando que “já recebemos do Município uma parte que nos ajudou nos custos que teve este chão”, dando ainda a conhecer que “no próximo dia 30 de Novembro, vai haver um almoço convívio e de angariação de fundos, na Liga dos Amigos da Várzea Pequena, em que o presidente da Junta de Freguesia de Vila Nova do Ceira vai oferecer à Santa Casa essa refeição, para que possamos fazer uma recolha de fundos a 100 por cento” e que uma empresa Olegário Fernandes, “com ligação a Roda Cimeira” e pelo seu “benfeitor João Baeta” vai também oferecer “uma agenda para o ano de 2025” à instituição, “se conseguirmos vender as agendas todas são 10 mil euros”, terminando por se congratular com e pelas boas condições existentes actualmente no Lar de Idosos, “onde não há um degrau, só há degraus pelas dificuldades do dia-a-dia”.

“São os homens e não as pedras que fazem a força das muralhas”, começou por dizer o presidente do Secretariado Regional de Coimbra da União das Misericórdias Portuguesas, citando Platão que, como referiu, tem toda a propriedade em “pessoas como a Sandra e como a Cidália” e, em nome das Misericórdias do distrito, associando-se “a esta justíssima homenagem e nas vossas pessoas estendê-las a todas as colaboradoras desta magnífica instituição pela vossa dádiva, pela vossa entrega, por aquilo que são”, a essência da instituição, “e não estamos a falar de uma instituição que não é uma instituição qualquer, é das mais antigas do país, de 1498, quando a rainha Leonor fundou este movimento único, (…) já nessa altura haveria aqui homens bons que fariam a diferença”, recordando que “embora com alguns períodos de inactividade, continuamos a ter essas mesmas pessoas que são muito mais fortes do que as pedras para fazerem a força dessas ditas muralhas”.

António Sérgio Martins não deixou de enaltecer também o trabalho que tem sido desenvolvido por José Serra, “as Misericórdias são o que são, no distrito, devido à sua resiliência e o José Serra defende como ninguém este movimento” o qual, lamentou, “continuamos a ter um subfinanciamento gritante (…) e se de facto  o Estado quer um verdadeiro Estado Social, tem de pegar no envelope financeiro adequado para que efectivamente possa dizer com propriedade que temos um verdadeiro Estado Social”, sendo para isso necessário “uma discriminação positiva para estes territórios. (…) Tudo isto são mágoas, teríamos muito mais para dizer” mas, como salientou, “enquanto tivermos pessoas como temos na Misericórdia de Góis o sector não vai fracassar. Viva a Misericórdia de Góis”.

O presidente da Câmara Municipal começou por “deixar uma palavra ao provedor e a todos aqueles que o acompanham naquela que é uma luta diária da instituição e de todas as outras instituições que existem no nosso concelho que trabalham na mesma área”, teve também uma palavra de reconhecimento para “todos os provedores que aqui se encontram e que diariamente lutam com um conjunto de dificuldades”, nomeadamente naquilo que “é a falta de uma discriminação positiva para estes territórios, a acção social é uma delas”, para felicitar depois Cidália Jorge “porque 25 anos não são dois dias, é um quarto de século, e todas as pessoas que estão a trabalhar nesta instituição dão o melhor de si, todos os dias, para que aqueles que necessitam do seu trabalho não passem dificuldades e possam ter o melhor conforto”, reconhecendo igualmente o “excelente trabalho” desenvolvido por Sandra Gonçalves.

 “Percebo as reivindicações do provedor e os pedidos que fazem à Câmara”, disse Rui Sampaio, referindo que “aquilo que temos feito não é uma obrigação, é um dever. Fazemo-lo porque reconhecemos o trabalho que a Santa Casa aqui faz”, enaltecendo  “a sua perseverança, vontade, o querer, diariamente, melhorar as condições das instalações, para que as pessoas estejam bem, se sintam bem e possam usufruir da melhor qualidade de vida”, deixando a certeza que “pode continuar a contar com o Município”, sem contudo deixar de considerar que “num concelho como o nosso, com uma taxa de envelhecimento superior a 400 por cento, temos muitas interrogações em relação ao futuro se de facto não houver políticas que diferenciem aquilo que é a necessidade de investimento nos territórios do interior. (…) É fácil ir embora, o difícil é continuar aqui, é resistir, continuar a fazer o caminho e reivindicar, não nos calarmos”.

E depois do descerramento da placa de inauguração do novo pavimento do refeitório e da sala de estar do Lar, a tarde continuou com um lanche convívio e a animação pelo grupo musical “Cheirinhos do Sul”, tão do agrado dos utentes do Lar que, desde há 19 anos, ali encontraram e encontram o carinho, o conforto e o bem-estar  a que têm direito (e que tantas vezes lhes é negado) numa casa que também é sua, o magnífico Lar de Idosos da Santa Casa da Misericórdia de Góis em Vila Nova do Ceira.