MÁRIO VITÓRIA E OS JOGOS OLÍMPICOS PARIS – 2024 “Mergulhos de Renascimento: A grande união dos cardumes”

Secretário de Estado, Pedro Dias, ladeado pelo artista Mário Vitória e Presidente da Federação de Natação

Foi na sede do Comité Olímpico Português, no passado dia 24 de Agosto, que o artista plástico Mário Vitória apresentou a sua mais recente obra, e que tem como pano de fundo a participação nacional nos jogos olímpicos de Paris 2024.

Contando com as presenças do Sr. Secretário de Estado do Desporto, Pedro Dias, do Sr. Presidente da Federação Portuguesa de Natação, António José Silva, do Sr. Presidente do Comité Olímpico de Portugal, José Manuel Constantino, do Sr. Presidente do Comité Paralímpico de Portugal, José Manuel Lourenço, bem como de outras individualidades ligadas às modalidades representadas na comitiva portuguesa para Paris – 2024, foi descerrada a obra que ilustrará e celebrará a presença nacional nesse evento de maior importância desportiva mundial.

A obra, com mais de dois metros de altura, relata, através da pintura, diversos momentos, ou símbolos, da nossa relação com Paris e com a cultura que esta encerra.

Através da mitologia, mas de igual modo da história nacional, são ilustrados os laços que nos ligam e conduzem à cidade da luz, mas, ao mesmo tempo, cidade mártir dos conflitos europeus, designadamente a Segunda Grande Guerra e que neste ano de 2024, fez assinalar 80 anos passados do dia D que teve o seu início nas praias da Normandia.

A diversidade de cores e o toque de “Midas” do artista na arte do colorido, fazem-nos olhar para Paris de acordo com o prisma da cultura, em toda a sua plenitude, e onde o debate de ideias nos conduziu ao longo de todo o Século XX, mas também no início Século XXI, a uma cidade que é o centro do universo do projeto europeu e que se debate com inúmeros desafios, sendo a capital de uma França que tem e terá papel crucial, nomeadamente no campo das migrações.

Paris dos pensadores e artistas plásticos, sala de estar de Amadeo de Souza-Cardoso, Vieira da Silva e Aristides de Sousa Mendes, entre tantos outros nacionais, que marcaram presença e enriqueceram, anos mais tarde, o panorama nacional português no campo das artes e do humanismo mais recente.

Mas Paris é também capital de um País que com Portugal travou disputas bélicas, com destaque para as invasões napoleónicas, mas que dessa relação criada no conflito germinou o pensamento liberal e moderno, que, anos mais tarde, se veio a revelar na amizade com a defesa da pátria de Voltaire e do lema Liberdade, Igualdade e Fraternidade, aquando da Primeira Guerra Mundial.

Foi dessa relação, aparentemente conflituosa num determinado período da história nacional, que resultaram as fundações do Estado moderno Português.

Da obra de Mário Vitória, destaque para a face 1, dedicada a França e intitulada de “Mergulho”, também em homenagem à prática da natação, onde sobressaem figuras simbólicas que perduram na nossa imaginação, como sendo a representação do ideal republicano, através de “Marianne”, figura intemporal feminina que encerra em si a beleza do seu género e a força das suas convicções.

Já na face dois da obra, destaque para Portugal, com o título “Entre água, cravos e rosas”, por onde desfilam episódios da nossa história nacional, com destaque para a ligação atlântica, mais propriamente ao mar e água, com a epopeia marítima a assumir papel de destaque, ilustrada, entre outras, com a figura de Camões ao leme na celebração dos seus 500 anos e o eterno Infante D. Henrique, figura apoteótica da Ínclita Geração.

Também o milagre das rosas ali figura, ou não fossemos a nação do religioso e da esperança dos bons ventos dos deuses do olimpo, depois, a figura de Pessoa, passando por Variações e José Afonso (Zeca Afonso) de cravo na mão e a ideia da revolução e libertação do jugo dos opressores do pensamento, sem esquecer o escritor Miguel Torga, e tantos outros.

Na realidade, a obra de Mário Vitória, pela sua grandiosidade de pensamento e de representação, permite-nos uma enorme variedade de leituras e análises, mas que eu avalio dizendo apenas na minha humilde ignorância – “estamos perante uma obra magistralmente bela”.

Mário Vitória, como artista plástico, caminha a passos largos para integrar o leque de individualidades que revolucionaram e iluminaram a representação do mundo, numa visão redentora, mas critica, das fragilidades humanas e dos seus preconceitos.

Portugal, com esta obra, estará também devidamente representado nos Jogos Olímpicos Paris – 2024, sendo este já o segundo passo da colaboração deste artista, com raízes na nossa região, e os Jogos Olímpicos.