
O Núcleo de Tábua da Liga dos Combatentes assinalou no passado dia 13 de Abril, o 107.º aniversário da Batalha de La Lys e o fim da Guerra do Ultramar (ver caixa), numa cerimónia simples, mas carregada de significado, onde o ponto alto foi a imposição de medalhas a cinco antigos combatentes.
A Rotunda dos Combatentes, na vila de Tábua encheu de antigos combatentes e familiares para a assistirem às efemérides, tendo o presidente do Núcleo registado que em (…) «cerimónias como esta, vêm-nos à memória contrastes da vida real, numa contracção do tempo, que a análise dos factos relativiza, vivifica e faz sobressair lições aprendidas. Parece que foi ontem», destacou.
Armando Pereira da Costa (Primeiro-Sargento), historiou as motivações que levaram Portugal a “entrar” na Primeira Guerra Mundial, com especial enfoque no Corpo Expedicionário Português que combateu “com tudo” na Batalha de La Lys (ofensiva militar alemã focada ao norte da fronteira franco-belga, na região da Flandres), mas também os valorosos portugueses que participaram, nas “extensões” do mesmo conflito bélico (…) «desde o rio Minho, passando pelo Algarve, Açores, Cabo Verde, na costa Angolana e Moçambicana do Índico».
Fazendo um exercício de ligação entre os dois conflitos, o militar citou Jaime Cortesão (combatente e médico na Grande Guerra nas suas memórias). «Direi apenas o que vi e ouvi. Sofri demais para poder mentir. O sentido da verdade e a coragem de a dizer, são as maiores conquistas que esta guerra deu aos que nela mergulharam a fundo», tal qual os combatentes da Guerra do Ultramar (…) «que na segunda metade do mesmo século, tiveram que enfrentar uma guerra bem mais prolongada», e por isso (…) «devem ter coragem para continuar a dizer o que viram, ouviram e sentiram».
Armando Costa evocou Portugal e os combatentes sofreram (…) «parece que foi ontem. Aos gritos, o povo português entoava “Angola é nossa”. Tivemos 250.000 homens em armas durante treze anos. Já lá vão 64 anos. Angola é hoje um país independente. Parece que foi ontem».
O dirigente recorda a conquista conseguida ao fim desses 13 anos de luta, com um povo (…) «aos gritos, a cantar ”Grândola vila morena” e a gritar “Liberdade”». Passados que estão 51 anos (…) «Portugal é hoje um país democrático e comemorou-se em 2024, o cinquentenário do 25 de Abril. Entretanto, não parece que foi ontem, porque acontece hoje, tal como aconteceu anteriormente. De facto, tal como no final do primeiro e segundo quartel do séc. XX, a Europa, no final do primeiro quartel séc. XXI, está novamente em guerra», alertando para o facto de (…) «não vivermos nem numa ilha, nem jamais num “lugar à beira-mar plantado”».
A presidir à cerimónia, em representação da Câmara Municipal esteve o vereador David Pinto, que aproveitou a ocasião para elogiar o Núcleo de Tábua da Liga dos Combatentes, não só pelas iniciativas que vai tendo ao longo do ano, mas, sobretudo (…) «na defesa e na acção social dos ex-combatentes e das suas famílias».
Nesse sentido, o autarca recordou (…) «o desafio foi feito ao Município para a criação do Talhão dos Combatentes», no cemitério do Tábua.
Dirigindo-se em particular ao presidente do Núcleo, David Pinto parabenizou a sua acção. «Um povo que não preserva, e uma nação que não preserva o seu passado e os seus antepassados e a sua história, é um povo e uma nação sem futuro, e vocês têm feito um trabalho notável. Dou-vos parabéns por isso».
Recorde-se que as celebrações contaram ainda como alocução sobre a Batalha de La Lys por Miriam Guerreiro Lourenço, aluna da Escola Secundária de Tábua.
Após a deposição de duas coroas de flores junto ao Monumentos aos Combatentes, o presidente do Núcleo de Tábua considerou que a celebração (…) «é um verdadeiro hino de louvor aos soldados portugueses», tendo, de seguida, sido impostas medalhas a cinco antigos combatentes que serviram nos então territórios portugueses.